A homenagem ao Senhor do
Bonfim é muito antiga em Salvador-Ba, embora haja controvérsias sobre sua
origem portuguesa ou africana. Esta cerimônia acontece no mês de janeiro de
cada ano. Um imenso cortejo de devotos percorre dez quilômetros de Salvador,
partindo do Largo da Conceição até o Largo do Bonfim. Baianas vestidas a
caráter trazem moringas e potes cheios de água perfumada para a lavagem
simbólica das escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim. Atualmente,
cantos e hinos religiosos misturam-se ao som dos trios elétricos na festa, que
é o maior exemplo do sincretismo religioso na Bahia, pois o ritual homenageia
também Oxalá (Obatalá), que no candomblé é identificado ao Senhor do Bonfim. Os
participantes bebem, comem e divertem-se durante o percurso, antecipando o
Carnaval de rua de Salvador.
Origem - Os estudiosos de mitologia negra dizem que a Lavagem do Bonfim é uma
cerimônia que tem origem na África, em homenagem à divindade yorubá Oxalá. A Festa do Bonfim há convergência de dezenas de
festas tradicionais da Europa e da África. A
cerimônia não é de origem africana, pois já existia em Portugal. Teria sido
difundida no Brasil por um português combatente na Guerra do Paraguai que
fizera o voto de, caso não morresse, lavar o átrio do Senhor do Bonfim. Os
negros baianos transformaram a lavagem em uma festa sincrética ao catolicismo e
ao candomblé. Pelo fato de ultrapassar os limites da liturgia católica, a
Lavagem do Bonfim chegou a ser proibida pelo Arcebispo da Bahia e impedida de
ser realizada pela Força Pública de Salvador no ano de 1890.
Imagem google
Acontece no segundo domingo depois do Dia de Reis, no mês de Janeiro, com novenário solene e exposição do Santíssimo Sacramento pelo capelão da Igreja do Bonfim.
A Festa não deve ser confundida com a tradicional Lavagem do Bonfim, de caráter afro-religioso (embora atualmente se revista mais um perfil ecumênico), a qual ocorre na quinta-feira que a antecede, com grande participação do povo, carroças enfeitadas puxadas por animais e as tradicionais baianas com seus vasos com água perfumada, mais conhecida como água de cheiro.
É fato que a Lavagem do Bonfim é mais popular que a Festa do Bonfim, que ocorre no domingo que se segue, tanto que muitas vezes a Lavagem é erronemente denominada Festa do Bonfim.
Teodósio Rodrigues de Farias, oficial da Armada Portuguesa, trouxe de Lisboa uma imagem do Cristo, que, em 1745, foi conduzida com grande acompanhamento para a igreja da Penha, em Itapagipe.
Em julho de 1754, a imagem foi transferida em procissão para a sua própria igreja, na Colina Sagrada, onde a atribuição de poderes milagrosos tornou o Senhor do Bonfim objeto de devoção popular e centro de peregrinação mística e sincrética. Foram, então, introduzidos motivos profanos e supersticiosos no culto.
A lavagem festiva acontece com a saída, pela manhã da quinta-feira, do tradicional cortejo de baianas da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, o qual segue a pé até o alto do Bonfim, para lavar com vassouras e água de cheiro as escadarias e o átrio da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim.
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Todos se vestem de branco, a cor do orixá, e percorrem 8 km em procissão, desde o largo da Conceição até o largo do Bonfim. O ponto alto da festa ocorre quando as escadarias da igreja são lavadas por cerca de 200 baianas vestidas a caráter que, de suas quartinhas - vasos que trazem aos ombros - despejam água nas escadarias e no átrio da igreja, ao som de palmas, toque de atabaque e cânticos de origem africana. Terminada a parte religiosa, a festa continua no largo do Bonfim, com batucadas, danças e barracas de bebidas e comidas típicas.
O cortejo reúne anualmente milhares de fiéis em busca da proteção das águas perfumadas para limpeza do corpo e da alma.
Essa festa é muito importante para os baianos, pois mostra a fé que eles tem no Senhor do Bonfim. A lavagem festiva tem a participação de seguidores do catolicismo, umbanda e candomblé, já que o Senhor do Bonfim de acordo com o sincretismo religioso na Bahia corresponde a Oxalá.
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Hino do Senhor do Bonfim
O Hino do Senhor do Bonfim (João Antonio Wanderlei - Peiton de Vilar)
foi divulgado nacionalmente a partir de sua inclusão no disco Tropicália,
considerado um dos manifestos da estética do Movimento Tropicalista do final
dos anos 1960. Com arranjo e regência de Rogério Duprat, o hino é interpretado
por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa e Os Mutantes, fechando o disco de
forma apoteótica.
Glória a ti neste dia
de Glória
Glória a ti redentor que há cem anos
Nossos pais conduziste à vitória
Pelos mares e campos baianos.
Glória a ti redentor que há cem anos
Nossos pais conduziste à vitória
Pelos mares e campos baianos.
Dessa
sagrada colina
Mansão da misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Mansão da misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Glória a ti nessa altura sagrada
És o eterno farol, és o guia
És o eterno farol, és o guia
És
a guarda imortal da Bahia.
Dessa
sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia
Aos
teus pés que nos deste o Direito
Aos teus pés que nos deste a Verdade
Trata e exulta num férvido preito
A alma em festa da nossa cidade.
Aos teus pés que nos deste a Verdade
Trata e exulta num férvido preito
A alma em festa da nossa cidade.
Dessa sagrada colina
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia.
Mansão da Misericórdia
Dai-nos a Graça Divina
Da Justiça e da Concórdia.