Lavagem do Bonfim: Tradições da Fé na Bahia


Fonte: Wikipédia
A FESTA DE NOSSO SENHOR DO BONFIM
O culto ao Senhor do Bonfim teve origem em 1669, em Setúbal, Portugal. Ainda neste ano o culto chegou ao Brasil, junto com uma cruz de Jesus crucificado. Uma imagem igual à que existe em Portugal chegou à Bahia em 1745 e, em 1754, foi construída a atual Igreja (Basílica) de Nosso Senhor do Bonfim.
Esta festa é considerada a mais importante das comemorações de largo de Salvador. Com data móvel, os festejos religiosos (a parte sacra da festa) consiste num novenário que se encerra no segundo domingo após o Dia de Reis.
A festa realiza-se no Largo do Bonfim, bem em frente à igreja, no alto da Colina Sagrada, na última quinta-feira antes do final do novenário e é marcada pela lavagem da escadaria e do adro da igreja por baianas vestidas a caráter, trazendo na cabeça água de cheiro (muito disputada entre os fiéis) para lavar o chão da igreja e flores para enfeitar o altar.
Nos cultos afro-católicos, o Senhor do Bonfim é sincretizado com Oxalá, segundo Verger, "sem outra razão aparente senão a de ter ele, nesta cidade, um enorme prestígio e inspirar fervorosa devoção aos habitantes de todas as categorias sociais" (1997: 259). Ocorre também uma aproximação entre a festa católica e a dos cultos afro-brasileiros, as "Águas de Oxalá".
A festa da lavagem é atribuída à promessa de um devoto. Acredita-se que o ritual da lavagem teve origem nos tempos em que os escravos eram obrigados a levar água para lavar as escadarias da Basílica para a festa dos brancos, desde esta época um agradecimento do povo às graças concedidas pelo Senhor do Bonfim. Considera-se o ano de 1804 como o da primeira lavagem oficial. 
O cortejo parte ainda pela manhã da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e vai até o Bonfim, arrastando multidões num percurso de aproximadamente 14 quilômetros. Uma presença certa nesta caminhada é a de autoridades civis e militares, artistas e personalidades da cidade de Salvador, da Bahia e do Brasil.
Até a década de 50 as baianas tinham acesso ao interior da Igreja, onde o chão era lavado, até que as autoridades eclesiásticas limitaram a lavagem apenas ao adro da Igreja.
Paralelo aos festejos religiosos, há ainda a festa "profana", marcada pela presença de barracas de comidas típicas e bebidas, desde o alto da Colina Sagrada. A partir de 1998 a parte carnavalesca da festa sofreu uma intervenção imposta pela Prefeitura Municipal e pela Arquidiocese de Salvador que, numa tentativa de defender as tradições históricas da festa, promoveram um afastamento dos trios elétricos e caminhões de blocos alternativos que acompanhavam o cortejo desde a Avenida Contorno, muitas vezes sequer chegando à metade do percurso e de uma certa forma desviando e desvirtuando o caráter religioso do dia, promovendo um mini-carnaval com direito a todos os excessos que lhe são peculiares. Mesmo com as restrições determinadas pela organização da festa, neste ano de 2000 a EMTURSA (Empresa Municipal de Turismo) estimou a presença de 300 mil pessoas nas ruas, acompanhando os festejos.
Como alternativa para os foliões de ocasião e para as agremiações, entidades e empresas envolvidas na promoção da parte profana da festa (que virou evento turístico, com altos investimentos e atraindo mais turistas do que a própria festa religiosa), ficou estabelecido que nos sábados seguintes à Lavagem do Bonfim aconteceria no bairro da Barra o Farol Folia, grito de carnaval dedicado aos blocos que ficariam afastados da festa de quinta-feira. O percurso é o mesmo conhecido no carnaval como Circuito Dodô e sai do Farol da Barra em direção ao bairro de Ondina, perfazendo um total de 04 quilômetros.
No dia 12 de janeiro de 2000 foi inaugurada a nova iluminação da fachada da igreja. O projeto de iluminação evidenciou as pilastras e a torre dos sinos, ressaltando os elementos arquitetônicos e criando volumes.
O cortejo reúne anualmente milhares de fiéis em busca da proteção das águas perfumadas para limpeza do corpo e da alma.
Essa festa é muito importante para os baianos, pois mostra a fé que eles tem no Senhor do Bonfim.
A festa tem a participação de seguidores do catolicismo,umbanda e candomblé, já que de acordo com no sincretismo religioso na Bahia o Senhor do Bonfim corresponde a Oxalá.
Hino do Senhor do Bonfim
O Hino ao Senhor do Bonfim é uma composição musical religiosa e cívica de 1923,  dedicada ao Senhor do Bonfim, de autoria de Arthur de Salles e João Antônio Wanderley, e alusivas à Igreja do Senhor do Bonfim, monumento arquitetônica e devocional do estado  brasileiro da Bahia, e localizado em sua capital, Salvador.

Histórico:
A letra e música foram compostas para a comemoração do centenário da Independência da Bahia  - relembrando os feitos heróicos dessa luta que, segundo a fé religiosa dominante, contou com a intercessão do Santo.
Escrito em versos eneassílabos, o Hino foi composto em 1923, a pedido da Comissão Oficial do Centenário - grupo formado por intelectuais e autoridades, a fim de preparar, em Salvador, os festejos alusivos aos 100 anos da vitória do povo baiano sobre o jugo português, nas lutas da Indepedência da Bahia.
Sua letra evoca um episódio histórico, registrado pelo historiador Santos Titara: a imagem do Senhor do Bonfim havia sido apoderada pelas tropas portuguesas e, quando consolidada a vitória brasileira, foi esta restituída ao templo original, ainda em 1823, em cortejo popular. No centenário, este fato foi redivivo, sendo esta a origem da procissão que, todos os anos, enche de pessoas as ruas da cidade baixa.
Um outro Hino foi composto por Pethion de Vilar e musicada pelo maestro Remígio Domenech, tendo prevalecido a versão de Arthur de Salles.
A um só tempo religioso e cívico, sua popularidade no estado da Bahia ganhou contornos mais amplos com sua gravação, por Caetano Veloso, em 1968 - no revolucionário disco "Tropicália ou Panis et Circensis", marco do movimento musical da Tropicália.
Letra: 

A letra rende glórias ao Senhor do Bonfim, "Redentor que há cem anos nossos pais conduziste à vitória, pelos mares e campos baianos" - a um tempo atribuindo ao Santo as vitórias nas batalhas navais e terrestres onde os baianos venceram os portugueses comandados pelo Governador das Armas,Inácio Luís Madeira de Melo. Há, também, referência à "Sagrada Colina", local onde está erguido o templo.

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