Como escolher os óculos de sol

Fonte Bem Estar
Leve em conta se produto será usado no dia a dia, na praia ou no esporte. Cor da lente também influencia no realce de contrastes e detalhes.

Os olhos são a região mais exposta do corpo, recebem muita luz – principalmente no verão – e têm 15 vezes mais terminações nervosas que as pontas dos dedos, por exemplo. Para cuidar da saúde da visão, portanto, é preciso saber escolher os óculos de sol certos.
Em primeiro lugar, a pessoa deve levar em conta se o produto será usado no dia a dia, na praia ou para a prática esportiva. Isso porque cada modelo, material, tamanho, cor, filtro e tipo de lente tem uma especificidade. Mas você não precisa pagar caro nem procurar muito, segundo o oftalmologista Emerson Castro, do Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo.

Os óculos podem ser simples e baratos, desde que sejam feitos de um bom material", diz. Isso porque, se a qualidade ótica for baixa, pode provocar tontura e a sensação de olhar para um vidro ou acrílico.
Óculos de camelô, por exemplo, não têm a proteção anti-UV necessária nem qualidade ótica, mas não chegam a prejudicar a visão (é como se a pessoa simplesmente não usasse nada), segundo o oftalmologista Samir Bechara, também do HC. Para não ter dúvidas, é importante que o produto tenha sempre certificado de origem.
Em relação ao tamanho dos óculos, Castro destaca que os de “madame” são os melhores. “É uma moda maravilhosa, porque protege bem a borda da pálpebra, onde pode ocorrer câncer em idosos.” Quanto ao material, as lentes de policarbonato são uma boa opção, por serem leves e resistentes.


Cor das lentes
As diferentes colorações das lentes dos óculos também devem ser analisadas antes da compra. De acordo com o oftalmologista, o marrom e o fumê são indicados para dias claros, pois realçam contrastes e detalhes.


Óculos (Foto: Divulgação)
Lentes marrons e fumês são boas para dias claros, pos realçam contrastes e detalhes. Já as vermelhas e rosas têm caráter mais estético e podem ser usadas em momentos diversos (Foto: Divulgação)

As lentes laranja e amarelas também destacam contrastes e profundidade. São ideais para usar de manhã, no fim do dia ou quando chove. Os óculos azuis, da mesma forma, servem para o fim da tarde e o tempo encoberto. Já os vermelhos e rosa têm um caráter mais fashion e podem ser usados em momentos variados.


O verde-escuro, muito adotado por militares, permite uma boa percepção de cores e um contraste adequado em ambientes com pouca iluminação. Já o cinza, por ser neutro, é melhor em locais de intensa luminosidade.


Óculos esportivos
Esportes na areia, grama, água e com bolas ou objetos menores que a órbita ocular – como squash e badminton – devem incluir o uso de óculos. “Dependendo da velocidade com que uma bola atingir o olho, é capaz de explodir o globo ocular”, alerta o médico. No caso da natação, o cloro da água pode causar irritação.

O oftalmologista do HC ressalta que os acidentes oculares podem ser evitados em até 90% dos casos. E, nos EUA, os traumas na visão respondem por 14% de todas as perfurações registradas.
Para ir à praia, uma boa alternativa é pôr grau nos óculos de sol. Isso porque quem tem algum problema de visão – como miopia, astigmatismo ou hipermetropia – não deve usar lente nessa ocasião, quando o risco de contaminação aumenta. Em outros momentos, é possível usar a lente e os óculos de sol sem grau por cima.
De acordo com a dermatologista Márcia Purceli, do Hospital Albert Einstein, só fica com a marca dos óculos no rosto – parecendo um urso panda – uma pessoa que não usa filtro solar corretamente (no mínimo, fator 15) e se expõe demais ao sol.

“Hoje, já aconselho até crianças a usar óculos escuros. Meus filhos usam”, afirma o oftalmologista. Segundo Castro, essa recomendação vale principalmente para crianças mais crescidas e adolescentes. Nos menores e em bebês, pôr um boné ou chapéu é o suficiente. E é importante evitar sempre o sol depois das 10h da manhã.

Doenças oculares causadas pelo sol
A principal função dos óculos escuros é proteger mecanicamente os olhos contra os raios ultravioleta (UV) A e B. E os maiores problemas provocados a longo prazo por uma exposição em excesso ocorrem na retina, localizada no fundo do olho. É o caso de uma doença chamada degeneração macular relacionada à idade.


Os raios UV também podem favorecer a formação de pterígio, uma pele sobre a conjuntiva (membrana que reveste a superfície da córnea) que causa ardor na córnea (lente externa do olho), sensação de areia e pode avançar para o centro da visão. Países tropicais têm mais incidência da doença.
A catarata, que é a perda de transparência do cristalino – o que torna a visão turva –, é outro problema que costuma ocorrer em maior quantidade e mais precocemente em indivíduos expostos ao sol demais e sem proteção. 

Bonés e filtro solar
Além dos óculos, os bonés, chapéus e protetores solares são aliados para o bloqueio dos raios UV. E uns não isentam o uso dos outros, enfatiza a dermatologista Márcia Purceli.

Um "defeito" do boné é que ele protege a testa e o couro cabeludo, mas deixa de fora as orelhas e boa parte do rosto. Por essa razão, o modelo ideal é o chapéu de abas largas, de palha sintética (para as mulheres) ou do tipo australiano (unissex). Chapéus furados, como o de crochê ou de palha natural, não são bons, segundo a médica.

Crianças e homens calvos devem redobrar os cuidados. “O couro cabeludo não foi feito para tomar sol. Tem que cobri-lo e também passar protetor nele”, recomenda.
E já existem chapéus e roupas com filtro solar – assim como protetores em spray para os cabelos. Os modelos custam cerca de R$ 50 e vão perdendo a função com as lavagens, mas duram bastante.
A melhor cor de chapéu, indica a dermatologista, é a escura – o branco, quando molhado, permite a passagem de até 50% da luminosidade. Verde claro, azul e vermelho também são ótimas cores, diz Márcia.
Ela destaca que o governo deveria incentivar o uso do protetor solar e encará-lo como remédio, não como cosmético. “No Brasil, a alta carga de impostos é culpada pelo preço do produto, que deveria custar até R$ 10. Na Austrália, país com maior índice de câncer de pele do mundo, há protetor de graça nos postos de saúde. E os mercados e lojas, em vez de darem bala de troco, oferecem sachês de filtro solar”, compara.