Família fotografa acidente e é agredida por motorista de ônibus

Fonte G1
O que era para ser uma viagem tranquila com destino à Praia do Forte tornou-se um triste acontecimento para a família do médico Raymundo Pereira da Silva Filho, de 38 anos. Na tarde da última segunda-feira (14), Raymundo, sua mãe e sua irmã Arli Patrícia seguiam em um carro e sua esposa Nirlana, grávida de seis meses, sua filha de dois anos e a babá seguiam em outro automóvel em direção ao destino do Litoral Norte, onde haviam alugado uma casa, quando um ônibus da empresa Via Nova encostou no veículo onde estava o médico, de acordo com o relato do amigo do casal, Raul Schwab.
Ainda de acordo com Schwab, Raymundo, Nirlana e Arli desceram do carro, fizeram fotos da batida e, quando estavam retornando para o veículo, o motorista do ônibus, que estava parado, engatou a primeira e jogou o veículo em direção aos três. A mulher grávida foi empurrada pelo marido para não ser atingida pelo coletivo e sofreu apenas uma contusão na face, não acontecendo nada com o bebê. O amigo do casal relatou que o motorista não desceu do ônibus após a batida e, após lançar o veículo em direção aos três, fugiu.

Já Raymundo teve uma fratura exposta de perna, múltiplas fraturas na coluna e traumatismo craniano. Segundo Schwab, o caso foi grave e ele está na UTI do hospital Aliança, com quadro estável. A irmã Arli sofreu uma fratura grave de bacia e em várias costelas. Ela foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado e depois transferida para o hospital Santa Izabel. De acordo com Schwab, ela não está na UTI e deve passar pelo menos dois meses acamada.

De acordo com Andréa Vidal, advogada da área cível da Via Nova, assim que empresa tomou conhecimento do ocorrido, manteve contato pessoal com a família e prestou apoio, ao se solidarizar com a situação. Ela informou que a família pediu que a empresa ajudasse mais Arli, irmã de Raymundo, que estava no Hospital Geral do Estado (HGE) e, junto com um médico que é amigo da família, foram empreendidos esforços para que ela fosse transferida para o hospital Santa Izabel.

Segundo Andréa, a empresa, que coloca-se à disposição da família ao que for necessário, ainda não tem conhecimento da versão do motorista, porque ele ainda não foi ouvido. A Via Nova não conseguiu entrar em contato com o funcionário, que não voltou para trabalhar depois do ocorrido, e tomou as atitudes considerando a versão apresentada pela família. "A empresa, independente da discussão à respeito da culpabilidade, está dando o apoio possível à família neste momento. A empresa está sendo solidária a família, apesar de não haver uma definição à respeito da culpabilidade, porque o motorista da empresa ainda não foi ouvido no âmbito do inquérito policial", afirma Andréa.

A advogada disse que o motorista terá direito de defesa e será procurado saber o que aconteceu. A empresa aguarda a apuração do caso pela polícia e espera que esta tome as medidas cabíveis.

A 23ª Delegacia Territorial (DT/Lauro de Freitas) informou que o inquérito está instaurado e já foram tomadas as primeiras providências. Por conta da instauração do inquérito, o nome do motorista do ônibus será mantido em sigilo. O motorista ainda não foi ouvido pela polícia.  

Motorista que esmagou família com ônibus será indiciado por três tentativas de homicídio

Jocival Pinto, o motorista acusado de esmagar duas pessoas com um ônibus na Estrada do Coco nesta segunda-feira (14), ainda está desaparecido e, de acordo com o delegado Joelson Reis, da 23ª Delegacia Territorial (Lauro de Freitas), não deu resposta à intimação para depor, que foi deixada na empresa ontem (17). Ele será indiciado por três tentativas de homicídios, com agravantes por não ter dado a possibilidade de defesa às vítimas e por ter praticado a ação contra uma mulher grávida. 

 

Nesta quinta-feira (17), o cobrador do ônibus se posicionou sobre o caso. Márcio Ribeiro de Jesus afirmou que o médico Raimundo Pereira da Silva Filho, uma das vítimas, teria agredido verbalmente o motorista do coletivo antes do incidente. Ele ainda ainda reconhece que, apesar da ofensa, a discussão não justifica a violência cometida por Jocival Pinto, o motorista do coletivo.

Procurado pela nossa reportagem, Márcio não negou ter publicado o comentário, mas se recusou a esclarecer o que aconteceu no dia. "Estarei prestando depoimento na próxima terça-feira (22) e, então, vocês vão saber o que eu presenciei no dia", afirmou. Questionado sobre a localização do motorista do coletivo, Jocival Pinto, Márcio disse não ter notícias do seu paradeiro.

O advogado da família, Antônio Tenure, comentou a declaração do cobrador. Segundo ele, as vítimas estavam do lado de fora do ônibus a pelo menos cinco metros de distância e, se houve agressão verbal, não teria como esta ser ouvida de dentro do veículo.

Tenure acrescenta ainda que foi contatado por um funcionário de um laboratório médico do Empresarial Mundo Plaza, na região do Iguatemi, que afirma que Jocival Pinto esteve nesta sexta-feira (18) realizando exames demissionais. A informação foi desmentida pela empresa Via Nova, que mantém a posição de que o funcionário está apenas afastado.
Nesta sexta-feira, o delegado ouviu a babá da família e outras duas testemunhas oculares do caso: um motorista que passava pelo local e o morador de um prédio. Os três corroboram com a versão de que Jocival teria deliberadamente jogado o veículo contra as vítimas, além de não terem citado nenhuma discussão ocorrida entre Raimundo e Jocival.
Uma cópia da gravação das câmeras de segurança do coletivo foi solicitada pelo delegado para ajudar nas investigações.

Saúde das vítimas
De acordo com o último boletim médico, divulgado pelo Hospital Aliança na tarde desta sexta-feira (18), Raimundo Pereira ainda está em estado grave, com a possibilidade de apresentar lesões na medula espinhal. Ele está internado desde a data do incidente, quando deu entrada no hospital com traumatismo craniano, lesão na coluna cervical e diversas fraturas.
De acordo com Raul Schwab, amigo da família, Raimundo está sentindo náuseas e tonturas decorrentes do traumatismo craniano, mas não apresenta quadro de infecção. 


Raimundo ainda está em estado grave (Foto: Acervo pessoal)

Nirlane Fernandes Teixeira, que foi salva do esmagamento pelo marido e se machucou ao cair no chão, recebeu nesta sexta-feira (18) um atestado médico indicando a necessidade de receber "cuidados especiais". Segundo seu advogado, Antônio Tenure, o obstetra teria recomendado à Nirlane que permanecesse em repouso, caso contrário, ela correrá o risco de ter contrações decorrentes do estresse e até mesmo entrar em trabalho de parto prematuramente.

Já a irmã de Raimundo, Arli Patrícia Silva, está na enfermaria do Hospital Santa Izabel e realizou exames pré-operatórios. Ela está estável e será submetida a uma cirurgia ortopédica. A data da intervenção médica ainda não foi divulgada.