20 mil manifestantes foram às ruas em Salvador -Ba

Fonte iBahia
Cerca de 20 mil pessoas, de acordo com a Polícia Militar, foram às ruas nesta quinta-feira (20) em uma manifestação organizada pelo Movimento Passe Livre para pedir melhoria na qualidade do transporte público, entre outras reivindicações.  A estimativa foi divulgada no início da noite pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).
O clima estava inicialmente tranquilo na região do Dique, mas bombas de gás lacrimogêneo começaram a ser jogadas pela polícia por volta de 16h50 para conter os manifestantes. Em resposta, foram jogadas pedras contra a polícia. Também há relatos de disparos de balas de borracha e pessoas feridos. 

Os manifestantes alegam que não tentaram furar o bloqueio e que a polícia partiu para cima lançando bombas.
Dois ônibus foram incendiados na avenida Centenário, antes do túnel Teodoro Sampaio, e na avenida Leovigildo Filgueiras, no Garcia. Os manifestantes também colocaram fogo em entulhos.
Um homem foi preso no 5º Centro de Saúde acusado de agredir policiais militares.
Também há registro de vandalismo na manifestação em Nazaré: um grupo pichou paredes e um ônibus e quebrou janelas de um ônibus. Diversos pontos de ônibus foram destruídos. 
Manifestantes montaram uma barreira de fogo em frente à Igreja Santo Antônio para impedir o avanço da polícia no sentido Campo Grande. 


Ao chegar à Praça do Campo Grande na tarde desta quinta-feira (20) percebi que o clima entre os manifestantes era de muita paz e satisfação devido ao grande número de adeptos ao protesto. Além das mensagens contra o preço da tarifa de transporte público, os inúmeros cartazes exigiam uma melhora dos serviços públicos como saúde, educação, segurança, moradia.
O protesto começou sem uma definição de qual caminho seguir e, por causa disso, um grupo partiu em direção à avenida Sete de Setembro e o outro seguiu para o Vale dos Barris. Optei me juntar aos que seguiram pelo centro da cidade. Até esse momento tudo estava tranquilo.
"O que eu via era um cenário de guerra. Fiquei horrorizado em ver no que se transformou um manifesto pacífico"
Ao chegarem à avenida Joana Angélica, os manifestantes não esperavam que a Polícia começasse a agir sem serem atacados. Na frente Colégio Central, um grupo mais adiantado já sentia o ardor e sufocamento causado pelas bombas de gás jogadas pelos policiais. Transtorno que logo seria vivido por todos que ali estavam, inclusive eu, que senti pela primeira vez, o efeito daquela bomba em meus olhos. 
Os manifestantes pensaram que poderiam seguir em frente se demonstrassem pacificidade no ato. Pensamento este, que logo foi apagado pela Polícia que marchava contra o protesto, equipada com escudos, capacetes, armas e bombas. Nunca tinha presenciado aquilo tão de perto e só me restava correr para me livrar dos riscos aparentes. Foi quando os protestantes começaram a revidar com pedras e montaram um bloqueio na via com banheiros químicos. 
Sem conseguir responder à Polícia, um grupo mais radical de manifestantes partiram para o vandalismo, quebrando pontos de ônibus, placas de sinalização e lixeiras. O desespero tomou conta de jovens, adultos e idosos que ali estavam, fazendo com que abandonassem o protesto. A partir disso, o que eu via era um cenário de guerra urbana, onde fiquei horrorizado em ver no que se transformou um manifesto pacífico. 
E eu ali, tentando ver e registrar tudo que era possível, mas sentindo orgulho de estar naquele lugar vivendo uma experiência única e super valiosa como profissional e cidadão".

Sem participar de manifestação, estudante de 24 anos é baleado no Garcia

Um jovem de 24 anos foi baleado no final da tarde desta quinta-feira (20) quando estava na região do Garcia, seguindo para os Barris, passando pela manifestação que acontecia no local. Leandro Fraga Magalhães, 24 anos, não estava participando dos protestos quando foi baleado. Ele está internado no Hospital Geral do Estado (HGE). O estudante é morador do Garcia e ia ajudar a namorada a fechar o bar dela, que fica nos Barris e estava sendo invadido por manifestantes que buscavam se proteger do conflito. Ao passar pelas escadas do Garcia, Leandro foi baleado no braço esquerdo. Leandro pensou primeiro que tinha sido atingido por uma bala de borracha e só soube que foi baleado por arma de fogo no hospital. O caso foi registrado na 1ª Delegacia. Ainda não se sabe de quem partiu o tiro que atingiu Leandro.