Fonte: Academia Médica
O escândalo é antigo, vem prejudicando todo o frágil sistema de assistência à saúde no País, não encontra guarita na respeitada comunidade médica e é combatida pelo CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA.Apenas agora a imprensa resolveu tardiamente dar enfoque.A matéria foi muito reveladora mas ficou incompleta. Não alcançou toda a cadeia de PROFISSIONAIS NÃO MÉDICOS que chafurdam na mesma lama, ganhando dinheiro indevidamente também, como representantes comerciais, técnicos especializados nas aludidas peças, diretores de hospitais, gestores de saúde ligados ao Governo, gestores dos próprios planos de saúde e até auditores. Além de não dar ênfase em toda cadeia do crime, focalizou o "médico" indistintamente, como se todas as especialidades participassem deste teatro de vampiros. A MENSAGEM SUBLIMINAR deletéria passada à população foi muito danosa aos profissionais honestos, que são a maioria absoluta.
O ponto que faltou ser colocado no "i" é o CONTEXTO GERAL DE CRISE NO MODELO ASSISTENCIAL À SAÚDE NO BRASIL. Tudo começa pela massificação sem qualidade do ensino médico em péssimas faculdades públicas e privadas, formando médicos incompetentes e antiéticos com a autorização governamental de quem deveria impedir esta distorção. Como o Brasil pode ter mais faculdades de Medicina que os EUA e China, perdendo apenas para a Índia ? A problemática chega às cenas lamentáveis que testemunhamos ontem, passando pelas emergências lotadas, as mensalidades caríssimas dos planos, a negativas de cobertura, a escassez de bons profissionais e de serviços dignos, o aviltamento dos salários e honorários médicos.É preciso ficar claro que a carapuça não cabe na cabeça dos bons médicos de verdade, os quais são vítimas também pois são prejudicados com a sangria de valiosos recursos de todo o sistema. O desperdício acaba sendo compensado no achatamento da remuneração do médico honrado, que não se sujeita à fraude. Estamos fartos dos oportunistas desonestos entre nós e há tempos pedimos justiça neles.
O repórter Giovani Grizotti viajou por cinco estados, e se passou por médico para flagrar as negociatas. Empresas que vendem próteses oferecem dinheiro para que médicos usem os seus produtos. O esquema usa documentos falsos para enganar a Justiça. Uma indústria de liminares que explora o sofrimento de pacientes, desvia o dinheiro do SUS e encarece os planos de saúde.“Esse mercado de prótese no Brasil, ele hoje tem uma organização mafiosa. É uma cadeia onde você tem o distribuidor, você tem o fabricante que se omite e você tem na outra ponta o médico ou o agente que vai implantar a prótese”, conta Pedro Ramos, diretor da associação dos planos de saúde.O mercado de próteses movimenta anualmente R$ 12 bilhões no Brasil.