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02 de julho - Independência da Bahia

Fonte Wikipedia
Independência da Bahia foi um movimento que, iniciado em 1821 (mas com raízes anteriores) e com desfecho em 2 de julho de 1823, motivado pelo sentimento federalista emancipador de seu povo, terminou pela inserção daquela então província na unidade nacional brasileira, durante a Guerra da independência do Brasil.
Aderira Salvador à Revolução liberal do Porto, de 1820 e, com a convocação das Cortes Gerais em Lisboa, em janeiro do ano seguinte, envia deputados como Miguel Calmon du Pin e Almeida na defesa dos interesses locais. Divide-se a cidade em vários partidos, o liberal unindo mesmo portugueses e brasileiros, interessados em manter a condição conquistada com a vinda da Corte para o país de Reino Unido, e os lusitanos interessados na volta ao status quo ante.

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Dividem-se os interesses, acirram-se os ânimos: de um lado, portugueses interessados em manter a província como colônia, do outro brasileiros, liberais, conservadores, monarquistas e até republicanos se unem, finalmente, no interesse comum de uma luta que já se fazia ao longo de quase um ano, e que somente se faz unificada com a própria Independência do Brasil a partir de 14 de junho de 1823, quando é feita na Câmara da vila de Santo Amaro da Purificação a proclamação que pregava a unidade nacional, e reconhecia a autoridade de D. Pedro I.
Na Bahia a luta pela Independência veio antes da brasileira, e só concretizou-se quase um ano depois do 7 de setembro de 1822: ao contrário da pacífica proclamação às margens do Ipiranga, só ao custo de milhares de vidas e acirradas batalhas por terra e mar emancipou-se de Portugal, de tal modo que seu Hino afirma ter o Sol que nasceu ao 2 de julho brilhado "mais que o primeiro".
Agitações na Bahia

Sementes da luta

A partir da Conjuração Baiana (1798), pode-se afirmar que na Bahia, mais até que em Minas Gerais quando da Inconfidência Mineira (1789), estava arraigado na população o sentimento de independência em relação a Portugal. Se em Minas o conciliábulo se deu entre as famílias mais abastadas, na Bahia gente humilde participou ativamente, como por exemplo colando cartazes nas ruas concitando o apoio de todos.
A Revolução liberal do Porto (1820) teve enorme repercussão na Bahia, onde era grande o número de portugueses. Como desdobramento, em fevereiro de 1821 uma conspiração de cunho constitucionalista eclodiu em Salvador. Dela participaram Cipriano Barata, José Pedro de Alcântara, o capitão João Ribeiro Neves e outros. Detido o Comandante das Armas e soltos os soldados presos, foi lida uma proclamação que exortava:
"Os nossos irmãos europeus derrotaram o despotismo em Portugal e restabeleceram a boa ordem da nação portuguesa (...) Soldados! A Bahia é nossa pátria e nós não somos menos valorosos que os Cabreiras e Sepúlvedas! Nós somos os salvadores do nosso país; a demora é prejudicial, o despotismo e a traição do Rio de Janeiro maquinam contra nós, não devemos consentir que o Brasil fique nos ferros da escravidão."
E concluía: "Viva a constituição e cortes na Bahia e Brasil - Viva El-Rei D. João VI nosso soberano pela constituição. Marcha."
Os conspiradores liberais pretendiam, como em Portugal, uma constituição que limitasse o poder real. Habilmente, alguns foram adrede convencidos de que a verdadeira luta deveria ser pela manutenção do soberano no Brasil, entre eles o futuro marquês de Barbacena, então marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes que, apesar de brasileiro, comandou a reação do governo, junto ao então coronel Inácio Luís Madeira de Melo. Lutas ocorreram até à vitória dos revoltosos, sendo aclamado ao povo, na Praça da Câmara, o novo estado de coisas. O Governador, conde da Palma, foi à Câmara Municipal e renunciou.
Portugueses e brasileiros estavam unidos, e constituíram uma Junta Governativa. Mas a situação não iria durar.

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Portugueses vs. Brasileiros


Com o retorno de D. João VI a Portugal (Abril de 1821), permanecendo no Rio de Janeiro o Príncipe-Regente D. Pedro de Alcântara, que uma carta das Cortes de Lisboa mandava voltar a Portugal, ficou claro aos brasileiros que a antiga metrópole não aceitaria a condição de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Nas tropas, unidas no sentimento constitucionalista, a cisão entre portugueses e brasileiros foi-se acentuando. Ódios acirrados resultaram em muitos conflitos parciais e boatos que, em 12 de Julho de 1821, fizeram os portugueses se reunir no quartel para a defesa de possível ataque dos brasileiros.
A 12 de novembro soldados portugueses saíram pelas ruas de Salvador, atacando soldados brasileiros, num confronto corporal na Praça da Piedade, registrando-se mortos e feridos. A população, temerosa, iniciou um êxodo paulatino para os sítios do Recôncavo. O ano terminou com as tensões em alta.
A 31 de janeiro de 1822 uma nova Junta foi eleita e em 11 de fevereiro chegou a notícia da nomeação do Brigadeiro Inácio Luís Madeira de Melo como Comandante das Armas da província. Era o militar que apoiara o conde da Palma, um ano antes. A ordem da nomeação chegou quatro dias depois. Os baianos tinham um comandante que já se declarara contrário aos seus ideais...
De junho de 1822 a julho de 1823 a luta se prolongou entre o governo provisório da província, eleito em junho, favorável à independência, e as forças portuguesas sob o comando do brigadeiro Madeira de Melo, concentradas em Salvador.

Resistência a Madeira de Melo - a primeira mártir do Brasil


Na Bahia, constituíam-se três facções, que manteriam a luta acesa:
  • os partidários da manutenção do regime colonial - quase que exclusivamente integrado por portugueses;
  • os Constitucionalistas do Brasil - defensores de uma constituição para o Brasil, enquanto Reino Unido, integrado por portugueses e brasileiros;
  • os Republicanos - adeptos da emancipação política, com a adoção de um regime republicano (à semelhança dos Estados Unidos), integrado quase que exclusivamente por brasileiros.
No comando das Armas estava o brigadeiro Manuel Pedro, que fortalecera os brasileiros, antecipando estratégicamente uma refrega. A sua destituição e a nomeação de Madeira de Melo foi duro golpe no partido nacional.
A posse de Madeira de Melo foi obstada pelos brasileiros, sob pretexto da ausência de pequenas formalidades. Enquanto isso, o povo passou a defender o nome de Manoel Pedro. Madeira de Melo buscou apoio junto aos comerciantes portugueses da cidade, além dos regimentos de Infantaria (12º), de Cavalaria e das unidades da Marinha Portuguesa. Por seu lado, os brasileiros na Bahia contavam com a Legião de Caçadores, o regimento de Artilharia e o 1º Regimento de Infantaria.
A 18 de fevereiro de 1822 reuniu-se um conselho de vereadores, juízes e Junta Governativa para dirimir a questão da posse. Como solução foi proposta uma junta militar, sob a presidência de Madeira de Melo. Na prática, era a sua vitória sobre os interesses contrários.
Vitorioso, desfilou pelas ruas, inspecionando as fortificações, desafiando as guarnições de maioria nacional. Na madrugada do dia 19 ocorreram os primeiros tiros, no Forte de São Pedro, para onde acorreram as tropas portuguesas, vindas de São Bento. Salvador transformou-se numa praça de guerra, e confrontos violentos ocorreram nas Mercês, na Praça da Piedade e no Campo da Pólvora.

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Apesar da encarniçada defesa, as tropas portuguesas tomaram o quartel onde se reunia o batalhão 1º da Infantaria. Os marinheiros portugueses festejaram a vitória, tendo atacado casas, pessoas e invadido o Convento da Lapa onde haviam se refugiado alguns revoltosos, vindo a assassinar a sua abadessa, Sóror Joana Angélica.
Restava tomar o Forte de São Pedro. Madeira de Melo preparou-se para bombardear a fortificação - uma das poucas inteiramente em terra, no centro da cidade. No cerco, foram atacados nos lados do Garcia. No dia seguinte, o forte rendeu-se, evitando-se o derramamento de sangue. O brigadeiro Manuel Pedro foi preso e enviado a Lisboa.
No poder, o "Partido Português" atemorizava os brasileiros. A 2 de março de 1822, Madeira de Melo finalmente prestou juramento perante a Câmara de Vereadores.

A guerra

Julho de 1822 - a Bahia conflagrada


Os brasileiros ainda na capital reagiram com pedradas às ações militares de Madeira de Melo e, na procissão de São José (21 de março de1822), os portugueses foram apedrejados.
Sobre esse episódio, Madeira de Melo registrou:
"Então viu-se nesta cidade reunir-se uma multidão de negros a fazer depósitos de pedras em alguns lugares muito públicos, como o Largo do Teatro e ruas adjacentes; tomaram suas posições e logo que apareceu uma procissão que era feita por naturais da Europa, atiraram sobre ela uma infinidade de pedradas (...) Chegada a noite, reuniram-se grandes magotes em diferentes sítios e apedrejaram todos os soldados e mais pessoas que viram ser Europeus (...)"
Respondia pelos interesses dos baianos um jornal, o "Constitucional", de Francisco Corte Imperial e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma (que veio a compor o primeiro governo durante as lutas), que dava vazão aos sentimentos da maioria do povo.
A cidade de Salvador assistia à debandada, a cada dia maior, dos moradores, que aumentou diante da chegada de reforços a Madeira de Melo: um navio, dos que levavam tropas do Rio de Janeiro de volta a Portugal, aportou na capital, ali deixando seus soldados.

Consulta às Câmaras Municipais


Os deputados da província da Bahia nas Cortes de Lisboa (entre os quais Luís Paulino d'Oliveira Pinto da França, que chegou a ser enviado por D. João VI para negociar com Madeira de Melo - chegando após o desfecho do conflito), consultaram por carta os seus distritos, indagando qual a opinião das municipalidades sobre qual deveria ser a relação da Bahia com a metrópole. Tomando a frente, as vilas de Cachoeira e São Francisco do Conde, seguidas pelas demais, manifestaram-se favoráveis a que a província passasse para a regência de D. Pedro, no Rio de Janeiro. Havia, por trás destas declarações, nítida vontade de separação de Portugal, a quem já tinham como a figura opressora.
Uma escuna militar foi mandada por Madeira de Melo para Cachoeira. A 25 de junho de 1822, reuniram-se na Câmara Municipal de Cachoeira os nomes de Antônio de Cerqueira Lima, José Garcia Pacheco de Aragão, Antônio de Castro Lima, Joaquim Pedreira do Couto Ferraz, Rodrigo Antônio Falcão Brandão, José Fiúza de Almeida e Francisco Gê Acaiaba de Montezuma, futuro visconde de Jequitinhonha, tendo como resultado a consulta ao povo, pelo Procurador do Senado da Câmara, "se concordava que se proclamasse Sua Alteza Real como Regente Constitucinal e Defensor Perpétuo do Brasil, da mesma forma que havia sido no Rio de Janeiro". O povo respondeu com entusiasmo que "Sim!".
Em comemoração, a vila iniciou em seguida um desfile da cavalaria que marchou pelas ruas, celebrando-se uma missa. Durante o desfile popular, foram disparados tiros em sua direção, vindos da casa de um português e da escuna fundeada ao largo. O tiroteio seguiu por toda a noite e no dia seguinte.

Em Cachoeira constitui-se a "Junta de Defesa"


Os partidários "brasileiros" reuniram-se na cidade de Maragojipe, a 23 km de Cachoeira, em novembro de 1822 e decidiram então que todos ficariam do lado de D.Pedro e contra a corôa portuguesa. Proclamaram uma Junta Conciliatória e de Defesa, para governo da cidade, em sessão permanente, recebendo a adesão de muitos portugueses. Dentre esses brasileiros, destacavam-se Rodrigo Antônio Falcão Brandão, depois feito primeiro barão de Belém, e Maria Quitéria de Jesus. Foi constituída uma caixa militar e instaram ao comandante da escuna portuguesa para que cessasse o ataque, obtendo como resposta uma ameaça.
O povo reagiu e teve lugar o primeiro combate pela tomada da embarcação que, cercada por terra e água, resistiu até à captura e prisão dos sobreviventes, em 28 de junho de 1822. As vilas do Recôncavo foram aos poucos aderindo à de Cachoeira. Salvador tornou-se alvo de maiores opressões de Madeira de Melo, e o êxodo da população ganhou intensidade.
As municipalidades se organizaram para um combate, treinando tropas, cavando trincheiras. Pelo sertão chegavam as adesões. Posições estratégicas foram tomadas nas ilhas do Recôncavo, em Pirajá e Cabrito. As hostilidades iniciaram-se e as suas notícias espalharam-se pela Província e pelo restante do país. Itaparica já aderira. Para lá enviou Madeira de Melo uma expedição, que chegou atirando. O povo fugiu, engrossando as hostes que se concentravam no Recôncavo.
Em Cachoeira foi organizado um novo Governo, para comandar a resistência, a 22 de setembro de 1822, sob a presidência de Miguel Calmon do Pin e Almeida, futuro Marquês de Abrantes.
Todos estes movimentos foram comunicados ao Príncipe-Regente. De Portugal, 750 soldados enviados como reforço para a manutenção da ordem na Bahia, chegaram em agosto.
Proclamada a Independência do Brasil (Setembro), em outubro de 1822 chegou do Rio de Janeiro o primeiro reforço aos patriotas baianos, sob o comando do francês general Pedro Labatut. Era uma tropa constituída quase toda por portugueses, já que ainda não existia um exército verdadeiramente nacional. O seu desembarque foi impedido, indo aportar a Maceió, em Alagoas, de onde veio, por terra – conseguindo assim arregimentar mais elementos ao fraco contingente.
Labatut assumiu o comando das operações, sendo mais tarde substituído nessa função pelo general José Joaquim de Lima e Silva.
As Batalhas
Diversas batalhas foram travadas, levando o nome dos lugares onde os combates ocorreram.

Pirajá


Tendo recebido reforços, Madeira de Melo desferiu um grande golpe contra as tropas brasileiras em Pirajá, conduzindo as suas forças para a Estradas das Boiadas (ver também: Liberdade). Assim registrou Tobias Monteiro, em "A elaboração da independência":
"A luta foi tremenda, a resistência heróica; mas após quase cinco horas de refregas, acudindo reforços chegados da cidade e para não ver o exército bipartido, os independentes estavam ao ponto de recuar e escolher na retaguarda melhor ponto de defesa.
Já galgavam os atacantes as encostas dos montes, certos de levar de vencida o inimigo, quando ouviram o toque sinistro de avançar cavalaria e 
degolar. O corneta, a quem o major Barros Falcão, que comandava a ação naquele ponto, dera ordem de tocar retirada, trocara, por conta própria, o toque destinado a anunciar a derrota dos irmãos de armas, pelo do ataque inesperado, donde veio a desordem e o pânico dos portugueses. (nota abaixo sobre o Corneteiro Lopes)
O estratagema providencial de Luís Lopes, que assim se chamava esse lusitano aderente à causa do Brasil, transformou subitamente a ação. Espantados da presença dessa cavalaria imaginária, com que não contavam, os portugueses estremeceram indecisos e, por fim, recuaram. Sem perda de um momento, prevalecendo-se os brasileiros da situação, ordenaram a carga de baioneta. As hostes quase vitoriosas vinham agora de roldão sobre a planície, fugindo amedrontadas, envolvendo as reservas na mesma dispersão e na mesma derrota.
Depois desse desastre e do último malogro da ação sobre Itaparica, o exército de Madeira ficou em total abatimento, que não pôde renovar reforços para dominar além da capital."
Em maio de 1823, chegou à costa da província a esquadra comandada por Thomas Cochrane, para participar do bloqueio marítimo à capital da província. A derrota final de Madeira se deu em 2 de julho de 1823.

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02 de julho data máxima da Bahia

Não houve rendição de Madeira de Melo; este simplesmente embarcou, derrotado, com o que lhe restava de tropas na capital, cerca de quatro mil e quinhentos homens, que tomaram 83 embarcações. As primeiras tropas brasileiras que entraram na capital foram as que estacionavam em Pirajá e seguiram até São Caetano, sob o comando do coronel João de Souza Meira Girão, trecho da antiga "estrada das boiadas" que, depois, passou a chamar-se Estrada da Liberdade. Teriam sido recebidos, segundo a tradição, por um arco do triunfo feito em flores pelas irmãs do Convento da Soledade. Também ali seguiam José Joaquim de Lima e Silva, à frente do Batalhão do Imperador e comandante-em-chefe e o Coronel Antero José Ferreira de Brito com os homens que tomaram as trincheiras da Lapinha e Soledade.
Outras tropas ingressaram na cidade, ocupando-lhe os quartéis e pontos-chave de sua defesa:
  1. Felisberto Gomes Caldeira saiu de Armação e Rio Vermelho rumo ao Tororó, Barra, Graça e Corredor da Vitória, ocupando os quartéis do Campo da Pólvora, Palma, Gamboa e Forte de São Pedro, e ainda a Casa da Pólvora, nos Aflitos.
  2. Major José Leite Pacheco, saindo de Armação e da Pituba, segue pela área conquistada pelo Major Silva Castroem Cruz de Cosme e vai para o Carmo. Ocupam o Convento do Carmo, e postos em São Bento, Piedade, 
  3. Jerusalém (ou Hospício), Noviciado (atual São Joaquim) e Santa Tereza.

Ao todo chegam a Salvador, no 2 de julho, um total de 8.686 oficiais e soldados, sem contar as mais de mil mulheres que os acompanhavam no auxílio, cozinha e socorro.

Folclore da Independência
Uma luta tão duradoura, tão visceralmente ligada às aspirações de um povo, deixou um variado legado no folclore. O historiador José Calasans registrou algumas quadrinhas que eram cantadas, de ambos os lados (portugueses e brasileiros)
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Nas Batalhas

  • Intervenções divinas:
Registra ainda Calasans um fato narrado pelo folclorista João da Silva Campos, em que Santo Antônio protagoniza uma curiosa intervenção na retirada das tropas do brigadeiro Manuel Pedro de Salvador, possibilitando assim a organização das forças de resistência em Cachoeira: "A soldadesca d'el-rei deu para trás com precipitação, ante os repetidos golpes do estranho guerreiro de burel que, ao demais, parecia blindado contra as balas (...) Mais tarde explicaram os reinóis a causa de haverem cedido terreno àqueles. Então os nacionais, que não tinham visto frade algum à testa dos seus pelotões, atribuíram a Santo Antônio a façanha de, esposando a causa da Independência do Brasil, haver-se oposto de arma em punhos aos seus compatriotas".
Já na batalha do Rio Vermelho foi a aparição da Senhora Santana que, estando as tropas descansando, avisou-as da chegada do inimigo, evitando assim o ataque surpresa e possibilitou a vitória aos brasileiros.

O Corneteiro Lopes

Segundo José Calasans foi possivelmente o historiador Inácio Acioli de Cerqueira e Silva, na obra Memórias Históricas e Políticas da Bahia quem primeiro explicou a vitória baiana na Batalha de Pirajá como decorrente de um toque errado de corneta. Temendo ficar sitiado, o Major José de Barros Falcão, no comando de posição-chave, mandara tocar a retirada, mas o corneteiro Luís Lopes, um português que combatia do lado brasileiro, fez o oposto: deu o toque primeiro de avançar cavalaria e, em seguida, o degola: os inimigos, acreditando a chegada de reforços, saem em debandada e os brasileiros, quase derrotados, saem vitoriosos da pugna.
O episódio descrito por Acioli é repetido na obra de Braz do Amaral, mas o Barão do Rio Branco, apesar de conhecedor daquela obra, omite tal passagem. Ganhara a passagem o tom lendário, até que pesquisas ulteriores deram conta ao registro feito por D. Pedro II em seu diário, sobre o relato feito ao Imperador pelo Barão de Cajaíba, que tomara parte dos combates: "um corneta trânsfuga português que descompunha, por meio de toques, o exército lusitano, e neste dia, tocando a retirar, fez com que avançassem os lusitanos para debandarem para o lado do campo de Cabrito e da cidade, logo que ouviram os vivas dados a meu pai, pelo major de Pernambuco Santiago"
Caboclo
Importante participação nas lutas teve o elemento indígena, identificado simbolicamente como o "verdadeiro brasileiro", o dono da terra, que somara seus esforços aos demais combatentes. A Bahia rendeu-lhe homenagens sempre ostensivas e, em 1896, no monumento erguido na capital baiana, a figura do caboclo encima - tal qual a do Almirante Horatio Nelson na Coluna de Nelsonem Londres - aquele importante marco.
Na cidade de Caetité, que todos os anos festeja o 2 de Julho com grande pompa, a figura de uma cabocla surge num dos carros, matando o "Dragão da Tirania", que representa o colonizador vencido

Dia de São Pedro


O fundador da Igreja Católica
São Pedro, o apóstolo e o pescador do lago de Genezareth, cativa seus devotos pela história pessoal. Homem de origem humilde, ele foi apóstolo de Cristo e depois encarregado de fundar a Igreja Católica, tendo sido seu primeiro papa.
Considerado o protetor das viúvas e dos pescadores, São Pedro é festejado no dia 29 de junho com a realização de grandes procissões marítimas em várias cidades do Brasil. Em terra, os fogos e o pau-de-sebo são as principais atrações de sua festa.
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Depois de sua morte, São Pedro, segundo a tradição católica, foi nomeado chaveiro do céu. Assim, para entrar no céu, é necessário que São Pedro abra as portas. Também lhe é atribuída a responsabilidade de fazer chover. Quando começa a trovejar, e as crianças choram com medo, é costume acalmá-las dizendo: "É a barriga de São Pedro que está roncando" ou "ele está mudando os móveis de lugar".
No dia de São Pedro, todos os que receberam seu nome devem acender fogueiras na porta de suas casas. Além disso, se alguém amarrar uma fita no braço de alguém chamado Pedro, ele tem a obrigação de dar um presente ou pagar uma bebida àquele que o amarrou, em homenagem ao santo.


Dia de São Pedro


29 de junho

São Pedro (segundo a tradição teria morrido em cerca de {67 d.C.) e foi um dos doze Apóstolos de Jesus Cristo, como está escrito no Novo Testamento e, mais especificamente, nos quatro Evangelhos. O seu nome original não era Pedro, mas sim Simão. Nos livros dos "Atos dos Apóstolos" e na "Segunda Epístola de Pedro", aparece ainda uma variante grega do seu nome original: Simeão. Cristo apelidou-o de Petros - Pedro, nome grego, masculino, derivado da palavra "petra", que significa "Pedra" ou "rocha". O Apóstolo São Paulo designava-o pelo nome de Cephas, Kephas, Kepha ou Cefas que em aramaico significa o mesmo - note-se, aliás, que, provavelmente, Cristo falava principalmente aramaico, logo terá sido essa a designação dada a Simão (e não a versão grega que ficou para a posteridade).
Pedro tem uma importância central na teologia católico-romana. É considerado o príncipe dos apóstolos e o fundador, junto com São Paulo, da Igreja de Roma (a Santa Sé), sendo-lhe reconhecido ainda o título de primeiro Papa (um tanto anacronicamente, posto que tal designação só começaria a ser usada cerca de dois séculos mais tarde – Pedro foi o primeiro {bispo de Roma); essa circunstância é invocada pela Igreja Católica para que o Papa detenha uma posição de supremacia sobre toda a Igreja Católica. Para as outras denominações cristãs, Pedro também recebe uma grande importância, por causa de suas epístolas canônicas, porém não recebe o mesmo tipo de tratamento da Igreja Católica.
São Pedro
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Antes de se tornar um dos doze discípulos de Cristo, Simão Pedro era pescador. Teria nascido em Betsaida e morava em Cafarnaum. Segundo o relato no Evangelho de São Lucas 5:1-11, Pedro terá conhecido Jesus quando este lhe pediu que utilizasse uma das suas barcas, de forma a poder pregar a uma multidão de gente que o queria ouvir. Pedro, que estava a lavar redes com São Tiago e João, seus sócios, concedeu-lhe o lugar na barca que foi afastada um pouco da margem. No final da pregação, Jesus disse a Simão Pedro que fosse pescar de novo com as redes em águas mais profundas. Pedro diz-lhe que tentara em vão pescar durante toda a noite e nada conseguira mas, em atenção ao seu pedido, fá-lo-ia. O resultado foi uma pescaria de tal monta que as redes iam rebentando, sendo necessária a ajuda da barca dos seus dois sócios, que também quase se afundava puxando os peixes. Numa atitude de humildade e espanto Pedro prosta-se perante Jesus e diz para que se afaste dele, já que é um pecador. Jesus encoraja-o, então, a segui-lo, dizendo que o tornará "pescador de homens".
De acordo com os Evangelhos, Simão foi o primeiro dos discípulos a professar a fé de que Jesus era o filho de Deus. É esse acontecimento que leva Jesus a chamá-lo de Pedro - a pedra basilar da nova crença. Encontramos o relato do evento no Evangelho de São Mateus 16:13-23: Jesus terá perguntado aos seus discípulos (depois de se informar do que sobre ele corria entre o povo): "E vós, quem pensais que sou eu?"; ao que Pedro respondeu "És o Cristo, Filho de Deus vivo". Jesus ter-lhe-á dito, então: "Simão, filho de Jonas, és um homem abençoado! Pois isso não te foi revelado por nenhum homem, mas pelo meu Pai, que está no céu. Por isso te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e o poder da morte não poderá mais vencê-la. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu, e o que ligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra será desligado no céu". É por esta razão que São Pedro é, geralmente representado com chaves na mão e a tradição apresenta-o como porteiro do Paraíso.
Os evangelhos referem-no muitas vezes (mais que a qualquer outro dos discípulos). Conta-se no Evangelho de São Mateus 26:30-35 que Jesus, no Monte das Oliveiras, antes de ser preso, nessa noite, revelou que os seus discípulos seriam dispersados, abandonando-o. Pedro assegura que nunca o abandonaria. Jesus declara-lhe: "Garanto-te que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes". Pedro insiste na sua fidelidade. Mais tarde, segundo o mesmo Evangelho, 26:69-75, Pedro, que observava de longe o julgamento de Jesus no átrio do sumo sacerdote Caifás, ao ser apontado como um dos seguidores de Cristo por várias pessoas, nega Cristo por três vezes, tal como fora predicto. Quando o galo canta, Pedro lembra-se do que lhe fora profetizado por Jesus e chora de arrependimento.
No capítulo 21 do Evangelho de São João, é relatado que Cristo, ressuscitado, depois de perguntar repetidas vezes a Pedro se este o ama, lhe diz: "Cuida da minhas ovelhas. Em verdade te digo: quando eras mais novo, cingias o cinto e ias para onde querias. Quando fores mais velho, estenderás as mãos e será outro a cingir-te o cinto, levando-te para onde não queres.", o que indica que terá sido martirizado pela crucificação. Clemente de Roma, cerca de 95 d. C., alude ao martírio de Pedro, que sofreu inúmeras tribulaçoes e que, como Paulo, teria dado testemunho. Uma tradição um tanto quanto insegura, porém pitoresca, conta que, sendo o primeiro bispo de Roma, Pedro foi exortado pela comunidade romana a fugir da cidade onde os cristãos eram perseguidos e executados no Circo de Nero. No caminho encontra Jesus Cristo (na forma de um homem transportado na irradiação solar, segundo o romance de Henryk Sienkiewicz, "Quo Vadis?"). Ao perguntar a Jesus "onde vais, Senhor?" ("Quo Vadis, Domine?"), este responde-lhe que vai para Roma, para ser martirizado com as suas ovelhas que foram abandonadas. Pedro, arrependido, volta para Roma e entrega-se às autoridades que o crucificam. Diz a tradição que exigiu que fosse crucificado de pernas para o ar, já que não se considerava digno de morrer da mesma forma que Cristo.
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Os seus textos

O Novo testamento inclui duas epístolas (cartas) cuja autoria é atribuída a Pedro: A "Primeira epístola de São Pedro e a Segunda epístola de São Pedro. Alguns académicos duvidam que Pedro tivesse conhecimentos de grego tão aprofundados que lhe permitissem escrever as cartas com aquele estilo e qualidade linguística (o que, em termos de pura fé, seria perfeitamente normal já que durante o Pentecostes, como é referido nos "Actos dos Apóstolos", o Espírito Santo teria dado aos apóstolos a faculdade de "falar línguas"). Entretanto há quem opine que terão sido escritas por um secretário ("amanuensis"), enquanto outros dizem que terá sido um seu discípulo, após a sua morte.

São Pedro, segundo o catolicismo

De acordo com a doutrina Católica e Ortodoxa, o apóstolo Pedro, depois de ter exercido o episcopado em Antioquia, tornou-se o primeiro bispo de Roma. Segundo os católicos e ortodoxos, depois de solto da prisão em Jerusalém, o apóstolo viajou até Roma e aí ficou até ser expulso com os judeus e cristãos pelo imperador Claúdio, época em que voltou a Jerusalém e participou da reunião de apóstolos sobre os rituais judeus. Após esta reunião, ficou em Antioquia (como o seu companheiro de ministério, Paulo, afirma em sua carta aos gálatas) e, depois de passar por várias cidades, inclusive, segundo o bispo São Dionisio, por Corinto, na Acaia, retornou a Roma e morreu aí entre 64 e 67 d.C.
Além de várias comprovações históricas, a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa têm como prova bíblica desta sua estadia em Roma a 1ª carta do próprio Pedro, em que diz: "a Igreja que está em Babilônia vos saúda, assim como o meu filho [ajudante] Marcos" (capítulo 5, verso 13).
Na opinião quase unânime de estudiosos, a "Babilônia" é, na verdade, a cidade de Roma (uma vez que, por temer que os soldados descobrissem sua morada nesta cidade, Pedro preferiu chamar Roma com o pseudônimo "Babilônia", assim como outro livro bíblicos, o Apocalipse de João, também faz).
A comunidade de Roma, para os católicos, assim como para os ortodoxos, foi fundada e ensinada pelos apóstolos Pedro e Paulo e é considerada a única comunidade cristã do mundo fundada por mais de um apóstolo e a única do Ocidente instituída por um deles. Por esta razão, os católicos crêem que a comunidade de Roma (chamada atualmente de Santa Sé) tem o primado sobre todas as outras comunidades locais (dioceses) e o seu bispo (denominado também de "papa") é respeitado como o pastor universal da Igreja Católica, cabendo-lhe direitos e deveres para com todos os fiéis católicos.
De acordo com eles, o ministério de Pedro continua sendo exercido até hoje pelo papa, assim como o ministério dos outros apóstolos é cumprido pelos outros bispos unidos a ele, que é a cabeça do colégio episcopal (conjunto dos bispos católicos). A sucessão petrina (papal) começa com São Lino, em 67, e atualmente é exercida pelo papa Bento XVI.

São Pedro, segundo a arqueologia

A partir dos anos 50 intensificaram-se as escavações no subsolo da Basílica de São Pedro, lugar tradicionalmente reconhecido como provável túmulo do apóstolo e próximo de seu martírio no muro central do Circo de Nero. Após extenuantes e cuidadosos trabalhos, inclusive com remoção de toneladas de terra que datava do corte da Colina Vaticana para a terraplanagem da construção da primeira basílica na época de Constantino, a equipe chefiada pela arqueóloga italiana Marguerita Guarducci encontrou o que seria uma necrópole atribuída a São Pedro, inclusive uma parede repleta de grafitos com a expressão "hic est Petrus", que, em latim, significa "aqui está Pedro".
Também foram encontrados, em um nicho, fragmentos de ossos de um homem robusto e idoso, entre 60-70 anos, envoltos em restos de tecido púrpura com fios de ouro que se acredita, com muita probabilidade, serem de São Pedro.
A data real do martírio, de acordo com um cruzamento de datas feito pela arqueóloga, seria 13 de outubro de 64 d.C. e não 29 de junho, data em que se comemorava o traslado dos restos mortais de São Pedro e São Paulo para a estada dos mesmos nas Catacumbas de São Sebastião durante a perseguição do imperador romano Valeriano em 257 d.C.


Festa junina - São João, o santo festeiro


A festa de São João é talvez a mais importante comemoração das festas dos santos populares e ocorrem no mês de junho. Uma das teorias sobre a origem das festas juninas é que elas teriam surgido justamente a partir do nome de São João: as festas seriam antes chamadas de "Joaninas". Logo nos primeiros segundos do dia 24 de junho - data de nascimento do santo - já se ouve o estalar dos fogos de artifício festejando a figura de São João Batista por todo o país. A seguir, você poderá saber mais sobre o santo que deu origem a essa data comemorativa.
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As tradições de São João

Segundo a Bíblia, a mãe de João Batista, Isabel, era prima de Maria, mãe de Jesus. Sendo assim, os dois eram primos de segundo grau. Os historiadores acreditam que João teria nascido cerca de 7 anos antes de Cristo. No dia de seu nascimento, 24 de junho, sua mãe, Isabel, teria mandado erguer um mastro iluminando-o com uma fogueira para que sua prima, Maria, vendo aquele sinal, soubesse que seu bebê havia nascido. Daí teriam vindo as tradições de se acender fogueiras e erguer-se mastros como forma de homenagear o santo.
A tradição conta ainda que Maria teria ido logo visitar o recém nascido João Batista levando-lhe como oferenda um feixe de folhas secas perfumadas, flores e uma capelinha, que hoje também são símbolos das festividades.

A história de São João

O pai de João, Zacarias, era sacerdote e sua mãe, Isabel, também fazia parte da sociedade religiosa da época. Assim, João Batista cresceu em meio aos ritos religiosos e tornou-se um profeta entre os judeus, responsável pela tradição judaica do batismo, o qual realizava nas águas do rio Jordão. Ao tomar a decisão de batizar também os gentios (pagãos) que decidiam se converter ao judaísmo, o profeta angariou admiradores e também inimigos.
Como profeta, João anunciava a vinda do Messias que era esperado pelos judeus como a esperança de tornar seu povo uma nação independente. Quando Jesus foi ao encontro do profeta para que ele o batizasse, João admirou-se e teve sua fé fortalecida. A bíblia diz que, ao batizar Cristo, uma pomba - símbolo do Espírito Santo - sobrevoou o rio e ouviu-se uma voz dizer: "este é Meu filho amado com o qual Me alegro".
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João Batista já era seguido por uma multidão quando passou a clamar contra o Rei Herodes condenando sua postura de ter repudiado sua esposa para ficar com sua cunhada, Herodíades. Embora o rei dissesse não se importunar com as pregações do profeta, após assistir uma belíssima dança de Salomé, filha de Herodíades, prometeu dar-lhe qualquer presente que a jovem pedisse. Salomé não pensou duas vezes, e pediu de presente a cabeça de João Batista, a qual lhe foi depois entregue em uma bandeja de prata.
As festas de São João trazem algumas tradições:

É considerado o Santo Protetor:

  • dos casados e enfermos
  • protege contra dores de cabeça e garganta
As comidas - Prevalecem as derivadas do milho, mas encontramos outras variações: canjica, pamonha, curau, mugunzá, pipoca, milho cozido, milho assado, arroz doce, pé-de-moleque, bolo de macaxeira, quentão.
Danças - A quadrilha, de origem européia, é sem dúvida a mais popular. Também existem as chamadas danças de fitas.
O Mastro - O levantamento do mastro de São João se dá no anoitecer da véspera do dia 24. O mastro sustenta uma bandeira que pode ter dois formatos, em triângulo com a imagem dos três santos, São João, Santo Antônio e São Pedro ou em forma de caixa, com apenas a figura de São João com o carneirinho. Seu hasteamento é acompanhado pelos devotos, padre que realiza as orações e benze o mastro.

A cantiga:

Se São João soubesse
Quando era o seu dia
Descia do céu à terra
Com prazer e alegria
Minha mãe quando é meu dia?
- Meu filho, já se passou!
- Numa festa tão bonita
Minha mãe não me acordou?
Acorda João!
Acorda João!
João está dormindo
Não acorda, não!

Quadrilha Junina


Preparar a roupa típica e dançar a quadrilha. Em junho acontece uma das manifestações culturais que mais têm a cara do Brasil (além do carnaval): as festas Juninas. São Paulo não fica de fora e se rende  à tradição das quermesses e arraiais que se espalham pelas igrejas, escolas, clubes.
Tanta festança deve-se a três santos adorados pelos católicos brasileiros: Santo Antônio, São João e São Pedro, que tiveram uma ajuda para serem tão festejados, já que os dias em suas homenagens são próximos uns dos outros (13, 24 e 29 de Junho).

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A tradição das festas juninas no Brasil é antiga e foi trazida pelos colonizadores europeus, mas aos poucos foi incorporando os costumes locais.
Na época da colonização do Brasil, após o ano de 1500, os portugueses introduziram em nosso país muitas características da cultura européia, entre elas as festas juninas. Essas festas surgiram no período pré-gregoriano, como uma festa pagã em comemoração à grande fertilidade da terra, às boas colheitas, na época do solstício de verão, no dia 24 de junho, e cristianizada, na Idade Média, como festa de São João. Tradicionalmente conhecidas como Joaninas  receberam esse nome para homenagear João Batista. Assim, passou a ser uma comemoração da Igreja Católica, onde são homenageados três Santos: no dia 13 a festa é para Santo Antonio, no dia 24 para São João e no dia 29 para São Pedro.

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No Brasil, recebeu o nome de junina porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. Os negros e os índios que viviam no Brasil não tiveram dificuldade em se adaptar às festas juninas, pois são muito parecidas com as de suas culturas.

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A origem da quadrilha
A dança que é o ponto alto da festa junina, não surgiu no sertão do Brasil. A quadrilha tem suas origens ligadas à França, no início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A “quadrille” francesa,  uma dança de salão para quatro pares, refinada, em que só os nobres podiam participar,  por sua parte, já era um desenvolvimento da “contredanse”, popular na corte do século XVIII. A “contredanse” por sua vez, se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizou em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.
 “Naquela época a elite brasileira imitava o costume e colocava suas melhores roupas só para dançar a quadrilha. Era apresentada nos bailes da corte e os passos lembravam um minueto”, explica o auxiliar de marketing Diogo Ferreira Gatto, um dos integrantes do grupo folclórico “Quadrilha da Nova Geração”, que há sete anos integra quadrilhas que se mantêm fiéis ao estilo do século 18. “Desde criança as quadrilhas sempre me chamaram atenção, conheci o pessoal do grupo “Levanta Poeira” quando era adolescente e não parei mais”, diz Diogo em sua reportagem  para a revista Já, em 1 de junho de 2003.
Segundo Gatto, quando uma moça rica, ou sinhazinha, ia se casar, era feita uma quadrilha para apresentá-la aos cavalheiros. Assim ela poderia escolher quem seria o seu pretendente.
A dança só se tornou popular no Brasil quando desceu as escadarias dos palacetes e foi parar nas festas dos mais pobres. Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste.

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A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e pamonha.
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O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro ou bambu. Nos arraiais acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos.

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Nessa região as comemorações são bem acirradas – duram um mês, e são realizados vários concursos para eleger os melhores grupos que dançam a quadrilha. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos.
O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial.
A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.
Sua sobrevivência até nossos dias deve-se ao trabalho educativo de conservação e prática feito pelos estabelecimentos do ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real.
A quadrilha brasileira tem uma coreografia em que diversos casais caipiras encenam um casamento na roça.
Desde do século XIX e em contato com diferentes danças do país mais antigas, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:
  • "Quadrilha Caipira" (São Paulo)
  • "Saruê", corruptela do termo francês "soirée", (Brasil Central)
  • "Baile Sifilítico" (Bahia)
  • "Mana-Chica" (Rio de Janeiro)
  • "Quadrilha" (Sergipe)
  • "Quadrilha Matuta"

Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeãopandeirozabumba,violãotriângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações. Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.
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Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João européias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.  
Com o passar dos anos, as festas juninas ganharam outros símbolos característicos. Como é realizada num mês mais frio, passaram a acender enormes fogueiras para que as pessoas se aquecessem em seu redor. Várias brincadeiras entraram para a festa, como pau de sebo, o correio elegante, os fogos de artifício, o casamento na roça, dentre outros, com o intuito de animar ainda mais a festividade.
As comidas típicas dessa festa tornaram-se presentes em razão das boas colheitas na safra do milho. Com esse ceral são desenvolvidas várias receitas, como bolos, caldos,
pamonhas, bolinhos fritos, curau, pipoca, milho cozido, canjica, dentre outros.

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