O Holocausto - 27 de janeiro


Fonte:educaterra/uoleducação
Conhecido como um dos piores massacres da história da humanidade, o holocausto - termo utilizado para descrever a tentativa de extermínio dos judeus na Europa nazista - teve seu fim  anunciado no dia 27 de janeiro de 1945, quando as tropas soviéticas, aliadas ao Reino Unido, Estados Unidos e França na Segunda Guerra Mundial, invadiram o campo de concentração e extermínio de Auschwitz-Birkenau, em Oswiecim (sul da Polônia).
No local, o mais conhecido campo de concentração mantido pela Alemanha nazista de Adolf Hitler, entre 1,1 e 1,5 milhão de pessoas (em sua maioria judeus) morreram nas câmaras de gás, de fome ou por doenças.
Quando as tropas entraram no complexo, encontraram cerca de 7.500 sobreviventes, 350 mil roupas de homens, 837 mil vestidos de mulher e 7,7 toneladas de cabelo humano. As câmaras de gás haviam sido desativadas em novembro de 1944. A última execução havia acontecido dias antes, em 6 de janeiro: quatro jovens judias haviam sido mortas, acusadas de esconder explosivos.
Determinar o número exato de vítimas é uma tarefa difícil para os historiadores, pois entre 70% e 75% das pessoas que chegavam ao campo eram enviadas diretamente às câmaras de gás, o que impossibitava a existência de documentação sobre elas. A maioria das vítimas morreu nas câmaras entre fevereiro de 1942 e novembro de 1944.
Fontes históricas mais confiáveis oferecem os seguintes números sobre os vários grupos de vítimas:
- Judeus: pelo menos 1,1 milhão.
- Poloneses: 140 mil.
- Ciganos "sinti" e "roma": 20 mil.
- Prisioneiros de guerra soviéticos: pelo menos 10 mil.
- Outros (homossexuais, prisioneiros políticos, testemunhas de Jeová): entre 10 mil e 20 mil. 
Campo de concentração de Auschwitz
Construído em maio de 1940, o campo original, conhecido hoje como "Auschwitz I", tinha 28 edificações de ladrilho e várias construções anexas. Foi planejado para receber cerca de 7.000 presos, mas confinava uma média de 18 mil.
Heinrich Himmler ordenou em outubro de 1941 a construção do que hoje se conhece como "Auschwitz II-Birkenau", idealizado desde o princípio como campo de extermínio. Era muito maior do que o outro, com cerca de 250 barracos de madeira ou de pedra, onde chegaram a ser concentrados 100 mil prisioneiros.
Em Birkenau havia três crematórios, cada um com uma câmara de gás. Neles podiam ser queimados até 4.756 cadáveres por dia, segundo documentos das SS.
Nas imediações do campo havia fábricas nas quais as SS exploraram prisioneiros como mão-de-obra, como a IG Farben, onde o gás era fabricado. Aí os nazistas construíram um terceiro campo de concentração, conhecido como "Auschwitz III" ou "Auschwitz-Monowitz".
 
O holocausto  
O episódio, convencionalmente, é dividido em dois períodos: antes e depois de 1941. No primeiro período, várias medidas anti-semitas (contra os judeus) foram tomadas na Alemanha e mais tarde na Áustria. Na Alemanha, seguindo as Leis de Nurembergue (1935), os judeus perderam seus direitos de cidadania, de ocupar cargos públicos, de praticar determinadas profissões, de casar-se com alemães ou de fazer uso da educação pública. Suas propriedades e negócios foram registrados e diversas vezes confiscados. 
Atos contínuos de violência foram perpetrados contra os judeus e a propaganda oficial encorajava os "verdadeiros" alemães a odiá-los e temê-los. Conforme o pretendido, o resultado foi uma emigração em massa, reduzindo pela metade a população judaica na Alemanha e Áustria.
A segunda fase, a da Segunda Guerra Mundial, teve início em 1941, quando a perseguição espalhou-se por toda a Europa ocupada pelos nazistas e envolveu trabalhos forçados, fuzilamento em massa e campos de concentração, que eram a base da "purificação da raça alemã" idealizada pelo ditador austríaco Adolf Hitler. 
Durante o holocausto, cerca de 6 milhões de judeus foram exterminados. De uma população de 3 milhões de judeus na Polônia, menos de 500 mil restaram em 1945. 
Anti-semitismo
No final do século 19 e início do século 20 o anti-semitismo foi fortemente evidente na França, Alemanha, Polônia, Rússia e outros países, e muitos judeus fugiram de perseguições, para o Reino Unido e para os Estados Unidos. 
Após a I Guerra Mundial, a propaganda nazista na Alemanha incentivou o anti-semitismo, alegando a responsabilidade dos judeus pela derrota alemã. Em 1933 a perseguição aos judeus era intensa em todo o país. A "solução final" concebida por Adolf Hitler deveria se materializar no holocausto, ou extermínio de toda a raça judaica.
Noite dos Cristais: Na noite de dez de novembro de 1938, a pretexto de vingar uma tentado cometido em Paris contra um diplomata nazista, o governo hitlerista estimulou que seus milicianos dessem início a um colossal pogrom contra a comunidade judaica alemã. Mal sabia o mundo que aquele acontecimento seria um ensaio para o Holocausto.
Um assassinato: Quando na manhã de dez de novembro de 1938 a viúva Susannah Stern, de 81 anos, atendeu às batidas na porta da sua casa na pequena Elberstadt, um lugarejo no interior da Alemanha, provavelmente intuíra que não se tratava de boa coisa. Era um dos seus vizinhos, um fazendeiro chamado Adolf Frey, convertido em chefe da milícia nazista local. Ele e mais alguns partidários que o seguiam pediram-lhe, sem cerimônias, que vestisse qualquer coisa e os acompanhasse. A velhinha negou-se, não sairia do lar! Frey impaciente renovou a ordem. De nada serviu.
Foi então que ele disparou-lhe o primeiro tiro no peito jogando-a no sofá. Seguiu-se um outro na cabeça. Depois de revistar a casa, ao sair, deu-lhe mais um na testa, bem entre os olhos. A pobre senhora Stern tornou-se assim uma das tantas outras vítimas do pogrom nazista da Kristallnacht (a noite dos cristais). 
Pogrom:
Na contabilidade dos assassinos somaram-se outros 90 mortos, justificados por eles como uma operação de vingança pelo atentado sofrido pelo diplomata alemão Ernst von Rath, que havia sido morto em Paris, baleado uns dias antes por um jovem judeu. Naquela noite terrível, 5.700 estabelecimentos judaicos foram depredados e muitos deles completamente destruídos pelas chamas. Em Berlim, turbas de milicianos da SA assaltaram as grandes sinagogas da ruas Farnese, Oranienburg e a da Levetzow, incendiando-as e deixando-as quase que demolidas. Na Alemanha inteira profanaram outras 177 mais. O tilintar daquelas vidraças quebradas encantou Goebbels. Aquela barulheira foi música para os ouvidos do Ministro da Propaganda do Reich, e o principal responsável por ter instigado aquele desvario junto a Hitler. "Bravo! Bravo!" - registrou ele no seu diário. Goebbels, exultante, chamou aquele dilúvio de ódio de "uma autêntica manifestação da ira popular." 
Extorsão aos judeus: Enquanto isso seu rival, Hermann Goerig, o Ministro do Interior, ordenava à Gestapo e à SD de Reinhart Heydrich que fizessem detenções em massa. Selecionaram então uns 30 mil judeus tidos por endinheirados e levaram-nos presos. Exigiram duas condições para liberá-los: que se comprometessem a sair do país ou que transferissem os seus bens para o governo nazista. Acreditando que o sofrimento fora pouco, Goering ainda exigiu um tributo de um bilhão de marcos para deixar a comunidade judaica em paz.
A seguir vedou aos judeus freqüentar as escolas e os parques públicos. Foi assim, num repente, que o mundo civilizado, ainda chocado, tomou conhecimento de que as antigas práticas medievais, que se pensava terem sido sepultadas, renasciam na Alemanha nazista. Dos 525 a 564 mil judeus que existiam na Alemanha em 1933, ou seja 0,93% da população, a metade conseguiu emigrar nos anos seguintes. Mas para os que ficaram só lhes restou o inferno. 
A nau dos desesperados: Para safar-se da onda de críticas que atingiu o governo nazista, Goebbels, aquele anão mau e cínico, permitiu que um navio com judeus saísse pelo Atlântico a fora, ao deus-dará, em busca de abrigo. Ninguém os acolheu. Os governos dos outros países temiam de que se os aceitassem, se deixassem os judeus desembarcar, os nazistas os poriam para fora aos magotes. Além disso vivia-se ainda sob os efeitos da grande depressão dos anos 30, onde uma parte considerável da população operária estava desempregada, não havendo muita simpatia para com refugiados. Depois de muitas voltas o governo belga deu-lhes proteção. 
Prenúncio da Cadastrofe: 
Os altos hierarcas do III Reich interpretaram a negativa do acolhimento dos passageiros daquela nau de desesperados como uma espécie de indiferença do mundo em relação ao destino que eles resolvessem dar aos judeus no futuro. Assim, logo que a guerra eclodiu, menos de um ano depois, preparam para eles o caminho para o cadafalso. Na história, por vezes, as grandes tragédias são previamente anunciadas por outras de menor dimensão que lhe servem por assim dizer como um experimento vivo do que irá ocorrer em breve. Da mesma forma que a guerra civil espanhola de 1936-9 anunciou a Segunda Guerra Mundial, a "Noite dos Cristais" de 1938 prenunciou o Holocausto de 1941-45.

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