É uma festa cuja origem, não religiosa, iniciou-se em 1923 com a oferenda de presentes para Iemanjá, a Rainha do Mar, por pescadores do bairro do Rio Vermelho em Salvador-Ba, na busca de conseguir ajuda para melhorar a pesca. Iemanjá é representada por uma sereia com cabelos longos e a tradição reza que os participantes, na maioria do candomblé e do catolicismo, vistam-se de azul e branco. A organização distribui, em pontos estratégicos da praia do Rio Vermelho, mais de 300 balaios para receber os presentes como jóias, pentes, espelhos, perfumes e bonecas que, no final da tarde, são levados para o mar através de cerca de 300 embarcações. A festa conta, ainda, com trios elétricos, percussionistas e baianas.
A
majestade dos mares. Senhora dos oceanos, sereia sagrada, Iemanjá é a Rainha das
águas salgadas, considerada como mãe de todos Orixás, regente absoluta dos
lares, protetora da família. Chamada também como a Deusa das Pérolas, Iemanjá é
aquela que apara a cabeça dos bebês no momento do nascimento.
Essa força da natureza também tem um papel muito importante em
nossas vidas, pois é ela que vai reger nossos lares, nossas casas. É Iemanjá
que vai dar o sentido de “família” a um grupo de pessoas que vivem debaixo de
um mesmo teto. Ela é a geradora e personalidade ao grupo formado por pai, mãe e
filhos, transformando-os num grupo coeso.
Iemanjá é o sentindo de educação que damos aos nossos filhos, os
mesmos que recebemos de nossos pais, que aprenderam com nossos avós. Ela,
Iemanjá, rege até o castigo, as sanções que aplicamos aos filhos. É o sentido
básico, é a base da formação de uma família, aquela que vai gerar o amor do pai
pelo filho, da mãe pelo filho, dos filhos pelos pais, transformando tais
sentimentos num só, poderoso, imbatível, que se perpetuará.
Iemanjá é a família! Rege as reuniões de família, os
aniversários, as festas de casamento, as comemorações que se fazem dentro da
família. É o sentido da união, seja ligado, por laços consangüíneos, ou não.
Imagem Google
Dentro do culto, numa casa de santo, Iemanjá também atua
organizando e dando sentindo ao grupo, à comunidade ali reunida e transformando
essa convivência num ato familiar; criando raízes e dependências; proporcionando
o sentimento de irmão pra irmão em pessoas que há bem pouco tempo não se
conheciam; proporcionando também o sentimento de pai para filho, ou de mãe para
filho e vice-versa, nos casos do relacionamento do Babalorixás, ou Ialorixás
como os Omo Orixás (filhos de Santo).
Iemanjá também está presente nas decisões, nos momentos de
angústia e preocupação pelo ente querido, pois seus sentimentos geram os nossos,
A necessidade de saber se aqueles que amamos estão bem, a dor pela preocupação,
é uma regência de Iemanjá, que não vai deixar morrer dentro de nós o sentido de
amor de amor ao próximo, principalmente em se tratando de um filho, filha, pai,
mãe, outro parente, ou amigo muito querido. E estendemos isso, também, às
comunidades da Religião.
Iemanjá é a preocupação e o desejo de ver aquilo que amamos a
salvo, sem problemas. É a manutenção da harmonia do lar.
Está presente também no nascimento, pois é ela quem vai aparar
a cabeça do bebê, exatamente no momento do seu nascimento. Se Exu fecunda e Oxum
cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela nova vida no mundo e
entregá-la ao seu regente, que inclusive pode ser até ela mesma. Isto tem uma
importância muito grande, no sentido e na visão da Cultura Africana, sobre a
fecundação e concepção da vida humana. Iemanjá é a senhora dos lares, pois,
desde o nascimento, ou a partir do nascimento, ela cuidará da família.
Daí o titulo de Iyá (mãe), melhor, Iyá – Ori (mãe da cabeça) e
plasmadora de todas as cabeças; aquela que gera o Ori, que dá o sentido da vida
e nos permite pensar, raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e
inteligentes.
Iemanjá está presente nos mares e oceanos. É a Senhora das águas
salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres
aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do mar, o
maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é ela quem
protege a vida no mar.
02 de fevereiro
Comparada com as outras divindades do panteão africano, o Orixá feminino Iorubá Iemanjá é uma figra extremamente simples. Ela é uma das figuras mais conhecidas nos cultos brasileiros, com o nome sempre bem divulgado pela imprensa, pois suas festas anuais sempre movimenta um grande número de iniciados e simpatizantes, tanto da Umbanda como Candomblé.
Na África, a origem de Iemanjá também é um rio que vai desembocar no mar. De tanto chorar com o rompimento com seu filho Oxossi, que abandonou e foi viver escondido na mata junto com o irmão renegado Oçaim. Iemanjá se derreteu, transformando-se num rio que foi desembocar no mar. É a mãe de quase todos os Orixás de origem ioruba ( com exeção de Logunedê), enquanto a maternidade dos Orixás Daomeanos é atribuída a Nanã. Autor Pierre Verger.
Mitologia
Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três
filhos: Ogum, Oxossi e Exu.
Conta a lenda que Ogum, o guerreiro, filho mais velho, partiu
para as suas conquistas; Oxossi, que se encantara pela floresta, fez dela a sua
morada e lá permaneceu, caçando; e Exu, o filho problemático, saiu pela
mundo.
Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus
destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos.
Comentava consigo mesma:
-
Ogum nasceu para conquistar. É bravo, corajoso, impetuoso. Jamais poderia viver
num lugar só. Ele nasceu para conhecer estradas, conquistar terras, nasceu para
ser livre. Exu, que tantos problemas já me deu, nasceu para conhecer o mundo e
dos três é o mais inconstante, sempre preparado surpresas; imprevisível, astuto,
capaz de fazer o impossível, também nasceu para conhecer o mundo. Oxossi, meu
querido caçula, bem que tentei prendê-lo a mim, mas no fundo sabia que teria seu
destino. Ele é alegre, ativo, inquieto. Gosta de ver coisas belas, de admirar o
que é bonito e é um grande caçador. Nasceu para conhecer o mundo também e não
poderia segurá-lo...
Iemanjá estava perdida em seus pensamentos quando viu que, ao
longe, alguém se aproximava. Firmou a vista e identificou-o: era Exu, seu filho,
que retornara depois de tanto tempo ausente. Já perto de seu mãe, Exu saudou-a e
comentou:
-
Mãe, andei pelo mundo mas não encontrei beleza igual à sua. Na conheci ninguém
que se comparasse a você!
-
O que está dizendo, filho? Eu não entendo!
-
O que quero dizer é que você é a única mulher que me encanta e que voltei para
lhe possuir, pois é a única coisa que me falta fazer neste mundo!
E
sem ouvir a resposta de sua mãe, Exu tomou-lhe à força, tentando violentá-la.
Uma grande luta se deu, pois Iemanjá não poderia admitir jamais aquilo que
estava acontecendo. Bravamente, resistiu às investidas do filho que, na luta,
dilacerou os seis da mãe. Enlouquecido e arrependido pelo que fez, Exu “caiu no
mundo”, sumindo no horizonte.
Caída ao chão, Iemanjá entre a dor, a vergonha, a tristeza e a
pena que teve pela atitude do filho, pediu socorro ao pai Olokun e ao Criador,
Olorun. E, dos seus seios dilacerados, a água, salgada como a lágrima, foi
saindo, dando origem aos mares.
Exu, pela atitude má, foi banido para sempre da mesa dos Orixás,
tendo como incumbência eterna ser o guardião, não podendo juntar-se aos outros,
na corte.
Iemanjá que, deste modo, deu origem ao mar, procurou entender a
atitude do filho, pois ela é a mãe verdadeira e considerada a mãe não só de
Ogum, Exu e Oxossi, mas de todo o panteão dos Orixás.
Dados
Dia: sábado;
Data: 2 de
fevereiro;
Metal: prata e prateados;
Cor: branco
transparente;
Partes do corpo: cabeça
(inconsciente e equilibro mental), cérebro (comanda o corpo);
Comida: epo de milho
branco, manjar branco com leite de coco e açúcar, acaçá, peixe de água salgada,
bolo de arroz, mamão.
Arquétipo:
voluntariosos, fortes, rigorosos, protetores, altivos e algumas vezes,
impetuosos e arrogantes. Têm sentido de hierarquia, fazem-se respeitar, são
justos e formais. Põem à prova as amizades que lhe são devotadas, custam muito a
perdoar uma ofensa e, se perdoam, não esquecem jamais. Preocupam-se com os
outros, são maternais e sérios. Sem possuírem a vaidade de Oxum, gostam do luxo,
das fazendas azuis e vistosas, das jóias caras. Tem tendência a vida suntuosa,
mesmo se as possibilidades não lhes permitem tal falso.
Símbolo: abebê
branco.