Fonte Terra
Por solicitação da Secretaria Municipal de Saúde, o
Hospital Evangélico de Curitiba (PR) trocou a equipe de médicos e
enfermeiros da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) geral da instituição.
Foram remanejados 13 médicos e 34 enfermeiros de outros setores para
cobrir todas as escalas da UTI geral, que era chefiada pela médica
Virgínia Soares de Souza, presa na última terça-feira, suspeita de
provocar a morte de pacientes internados.
O diretor clínico do Hospital Evangélico, Gilberto
Pascolat, ressaltou que não chegou nenhuma denúncia formal ou informal
contra a médica à direção do hospital. Por isto, a prisão de Virgínia
causou surpresa. O hospital não sabe dos detalhes da investigação pelo
fato de todo o processo correr sob segredo de Justiça.
Pascolat comentou sobre as declarações recentes de
pacientes, familiares e ex-funcionários sobre comportamentos e
orientações da médica. Para ele, se muitas pessoas sabiam dos fatos e
não denunciaram, elas também foram coniventes com a situação. O diretor
ressalta que, por enquanto, não há provas das ordens da médica para
provocar mortes dentro da UTI. "Por que não falaram antes? No mínimo,
estas pessoas são coniventes, se esta situação realmente existiu. Tudo
isto foi uma grande surpresa para nós, porque o que mais chamou atenção
foi o fato de não haver nenhuma denúncia. Não há nada, nem de parentes,
nem de profissionais", esclarece.
A médica Virgínia Soares de Souza trabalha no Hospital
Evangélico há mais de 20 anos. "Conheço a doutora e ninguém fica tanto
tempo em um local se não tiver competência", salienta Pascolat. Ele
confirma que a médica exigia bastante da equipe da UTI Geral e, por
conta disto, muitas vezes era ríspida com os profissionais. Para o
diretor clínico, este comportamento de Virgínia prejudicou a própria
profissional. "Muitas vezes ela era ríspida e, com isto, criou
inimizades", afirma. Em 2011, a médica foi suspensa por 30 dias em razão
de problemas de relacionamento com outros funcionários. O hospital não
divulgou mais detalhes sobre a suspensão.
Além da investigação policial, o Hospital Evangélico está passando por
uma sindicância interna. A instalação de uma comissão para este fim foi
solicitada pelo Ministério Público e outros órgãos. Os integrantes desta
comissão estão levantando os prontuários da UTI Geral de 2012 e deste
ano. A avaliação interna não ficará restrita aos prontuários levados
pelas equipes policiais para a investigação. O trabalho deve ser
concluído em 30 dias.