Fonte iBahia - Texto Nelson Cadena
Em 17 de julho de 1911 atracou no novo Porto de Salvador, ainda em
construção, o vapor Canavieiras, motivo de grande festa para
os soteropolitanos que compareceram ao cais, como revela a foto de
época, para prestigiar essa viagem inaugural que já sinalizava que as
obras em andamento no bairro comercial de fato teriam continuidade. Na
data foi inaugurado a primeira etapa das obras iniciadas em 12/11/1906.
É que a população de Salvador, como a classe empresarial, tinha
motivos para duvidar do cumprimento dos planos de construção do Porto
com seus armazens, guindastes, linhas férreas e obras de dragagem e
construção dos dois quebra-mares conforme o projeto da Companhia
Cessionária das Docas do Porto da Bahia, cuja planta original pode ser
apreciada neste post. E que incluia por compromisso e termo aditivo do
contrato a relocar e construir um novo edifício para o mercado público e
ainda um prédio novo para os Correios e Telégrafos.
A construção do Porto de Salvador gerava inquietação nos baianos. Era
projeto antigo, ainda do tempo do império, sucessivamente adiado, após
tratos e destratos com concessionários, o Governo atrapalhando mais do
que ajudando, ainda que com algumas obras de infraestrutura executadas
nesses mais de 50 anos (1871-1906) de idas e vindas. Uma odiseia que
começou com a concessão dada à Bahia Docks Company Limited constituída
em Londres e que tinha o Visconde de Mauá como Diretor-Presidente e
terminou com o contrato aqui referido.
Doia anos depois da atracação do Canavieiras, em 13 de maio, data
natalicia de Dom João VI, na sua homenagem e como referência da abertura
dos portos às nações amigas, o novo Porto de Salvador foi oficialmente
inaugurado.
Inaugurava-se mais uma etapa do Porto, cujas obras teriam
continuidade ao longo da década de 10 e ainda na década seguinte com
mais uma revisão do contrato e plano de obras realizado em 20/03/1920.
Previa novas dragagens, conclusão da muralha do cais, serviços de
iluminação e mais 6 guindastes para carga e descarga. Uma claúsula
previa adiamento de outras obras “para serem executadas à medida das
necessidades”.