Independência na Bahia é festejada com desfile e manifestação nas ruas

Fonte G1Bahia
A Bahia festeja 190 anos da Independência do Brasil no Estado nesta terça-feira (2). Esse ano, é a primeira vez que a data cívica é comemorada após o reconhecimento nacional da data pela presidente Dilma Rousseff no dia 11 de junho. Desde o início da manhã de feriado em todo o estado, organizadores, moradores e alguns manifestantes já podiam ser vistos nas redondezas do Largo da Lapinha, bairro do centro antigo de Salvador.
Protestos acompanharam o cortejo sem confrontos com a Polícia Militar. Um incidente registrado pela manhã, que não está relacionado com as manifestações, foi uma mulher que arremessou um copo de cerveja na direção do governador Jaques Wagner.
Houve tumulto e os seguranças atuaram para protegê-lo e conter a ação da mulher. O governador não ficou ferido. A Polícia Militar informou que não havia registro sobre o ocorrido até as 12h40 desta terça-feira. A assessoria do governo diz que a mulher não foi detida, e ressalta que ela estava nervosa e foi apenas contida pelos seguranças.

 
Uma alvorada de fogos abriu os festejos por volta das 6h. Por volta das 8h, já com centenas de pessoas acompanhando o evento, foi feito o hasteamento das bandeiras de Salvador, Bahia, Brasil e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), feito, respectivamente, pelo prefeito ACM Neto, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, e o governador Jaques Wagner. O vice-presidente do IGHB, Eduardo Jorge Mendes de Magalhães, fez o hasteamento da bandeira da entidade. A cerimônia foi realizada ao som do Hino Nacional, executado pela banda de música da Marinha.
Este ano, segundo o coronel Alfredo Castro, comandante da Polícia Militar da Bahia, foram colocados nas ruas 700 policiais a mais em relação ao ano passado. "É para garantir a segurança de quem acompanha e de quem veio protestar, não há a intenção de coibir nenhum ato", afirmou o coronel, que acompanhou boa parte do cortejo dando orientações a alguns PMs.
Pouco antes do cortejo começar a sair, o governador Jaques Wagner e o prefeito ACM Neto falaram da importância do 2 de Julho e das manifestações que ocorrem em Salvador há quase um mês. "O 2 de Julho é o momento em que as pessoas homenageam a luta e demonstram civismo. É um espírito simbólico compatível com a democracia. Essa a uma festa do povo, que vai às ruas celebrar a história e homenagear os heróis da Independência. O civismo sempre foi o tom dessa festa, e esse ano ainda mais, por conta das manifestações e do clamor que vem das ruas”, disse.
"Para mim é a maior festa da Bahia. Esse ano, o 2 de Julho é especial, por ter se tornado data nacional e pelas manifestações, pelas pessoas que estão vindo para a rua. Acho isso importante para a construção de um país mais forte democraticamente", afirmou o governador Jaques Wagner.

Manifestação durante o cortejo do 2 de julho na Bahia (Foto: Lílian Marques/ G1)Manifestação durante o cortejo do 2 de Julho na Bahia (Foto: Lílian Marques/ G1)
Manifestações

Sem liderança, manifestantes do Movimento Passe Livre Salvador (MPL) seguiram logo em frente ao cortejo, que foi puxado pelas imagens da cabocla e do caboclo, símbolos da Independência do Brasil na Bahia. O grupo afirmou que tem a intenção de também acompanhar o evento à tarde, de maneira pacífica. Pelas ruas do centro antigo, os manifestantes pediram, além de melhorias no transporte, investimentos na área de educação, saúde e infraestrutura.

 
Vários grupos diferentes foram ao cortejo com cartazes e faixas para fazer reivindicações. A funcionária pública Eunice Costa levou uma faixa para o cortejo, onde ela pede mais saúde, mais educação e uma reavaliação da distribuição do Bolsa Família. "Falta investimento em tudo. A universidade pública, por exemplo, não tem estrutura. Um país sem educação não desenvolve tecnologia e outras coisas. Não sou contra o Bolsa Família porque a barriga não aguenta, mas tem que educar os pais, além dos filhos", disse.
Havia um grupo que protestava contra o Ato Médico, aprovado no plenário do Senado em junho. Pelo texto, serão privativos dos formados em medicina atividades como diagnóstico de doenças, prescrição de medicamentos, cirurgias, internações, altas hospitalares, entre outros.

Casa com fachada enfeitada em homenagem ao 2 de Julho, em Salvador, Bahia (Foto: Lílian Marques/ G1) 
Casa de Cecília enfeitada, em Salvador
(Foto: Lílian Marques/ G1)
Participação popular
 
Crianças, adultos e idosos acompanharam o cortejo do chão e das janelas de algumas casas que ficam no trajeto do evento. Algumas delas estavam enfeitadas em homenagem à data cívica.
Dona Cecília, moradora da região da Lapinha há quatro anos, decorou a fachada da casa, que fica ao lado do largo de onde sai o cortejo, com bolas nas cores azul, vermelho e branco, além de usar bandeiras. "Usei 500 bolas para arrumar a casa. Há 55 anos faço isso, mesmo antes de morar aqui, porque gosto de participar. A festa é nossa!", afirma.
Independência do Brasil na Bahia
Apesar da Independência do Brasil ter sido declarada por Dom Pedro I no dia 7 de setembro de 1822, na Bahia, o exército português ainda resistia, dominando o território.
Somente um ano depois, em 2 de julho de 1823, a Bahia se tornava independente de Portugal. Para celebrar a data, foi criado o hino ao 2 de Julho, de autoria do militar baiano Ladislau dos Santos Titára.
De acordo com o mestre em história Lucas de Faria Junqueira, a letra do hino é uma referência ao momento que o estado passava. "Inclusive enfatizando o caráter 'brasileiro' do processo, como afirma sua primeira estrofe: 'Nasce o sol a 2 de Julho/Brilha mais que no primeiro/É sinal que neste dia/Até o sol é brasileiro'. Cita as campinas do Cabrito e Pirajá, locais de batalhas da guerra, além de conter versos como 'O Brasil já tem jurado/Independência ou morrer'", explica Lucas.

 Moradores acompanham cortejo da varanda de casa, na Bahia

 Caboclo, um dos símbolos da Independência, na saída do cortejo do 2 de julho, em Salvador