Fonte Globo
Música que ironiza Maradona explode após gol de Götze e inicia brigas. Torcida alemã "cumpre promessa" e não deixa rivais vencerem título dentro do Maracanã. Argentina, diga-me como se sente voltar para casa sem ganhar. A festa foi linda, o apoio incondicional, mas os hermanos deixam o Brasil com lágrimas no rosto diante da dolorosa perda do título da Copa do Mundo para a Alemanha. E talvez uma ou outra cicatriz. Graças ao gol de Mario Götze no segundo tempo da prorrogação, foram os brasileiros quem riram por último num mar de provocações que começou antes mesmo de a bola rolar, ainda em junho.
Houve de tudo no Maracanã no último domingo. Os argentinos, em maioria, estavam presentes até mesmo no setor destinado aos alemães. Alentaram, como gostam de dizer, forçaram com brasileiros o limite da convivência por metro quadrado. Até Götze balançar as redes para a Alemanha e libertar a ira acumulada. O clima então de animosidade se transformou num campo de batalha.- Vice-campeão! Vice-campeão! – entoavam os brasileiros minutos após Götze carimbar de esquerda e superar Romero.
- Mil gols... Mil gols... Só Pelé, só Pelé... – repetiram, quase como um mantra, especialmente depois da vantagem na prorrogação.
A música “decime que se siente” incomodou tanto que ganhou sua versão em português. Os versos citam as cinco Copas brasileiras e o “papa que não se dopou para jogar” - uma alusão a Diego Maradona. Não passou perto, porém, de embalar no estádio. Os brasileiros tiveram de reagir com vaias.
Foi assim na maior parte do tempo. Os argentinos cantavam alto, ironizavam os 7 a 1 aplicados pela própria Alemanha sobre o Brasil. Tinham em Lionel Messi sua esperança clara e evidente de sair da fila pela primeira vez desde 1986 em Mundiais. Um hino emocionante deu a entender que a tarde poderia tê-los como maestros da sinfonia. Hermanos pulavam, só não faziam o Maracanã tremer por meras questões de engenharia. Até mesmo Pipita Higuaín recebeu ao apoio ao perder o gol que certamente mudaria a história do jogo, aos 20 minutos. Lavezzi, que fazia bom primeiro tempo, também foi exaltado.
Brava e guerreira, a torcida alemã não fez feio quando exigida. Não tinha a mesma força de vontade de argentinos, mas entoou os gritos de “Super Deutschland” que acabaram marcantes na prorrogação - no fim do segundo tempo, um torcedor invadiu o gramado e trocou breves palavras com Höwedes até ser apreendido por seguranças. Não deixar os rivais argentinos vencerem no nosso quintal, como sugeriu um cartaz erguido por germânicos, continuava sendo uma regra. Ela vale pelo menos até a próxima geração, quando argentinos e brasileiros provavelmente continuarão se provocando.